12 passos para a prevenção do uso de drogas na adolescência! Pratiquem!

Listas de passos com ações recomendáveis para facilitar a interrupção do uso de drogas são muito utilizadas, e, com sucesso, por entidades como os Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos, entre outros.
Com enfoque na prevenção, no dia 20/02 – Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, propomos uma lista de 12 medidas, que devem ser aplicadas diariamente pelos pais, para prevenir a entrada de seus filhos adolescentes no mundo das drogas lícitas e ilícitas São medidas baseadas em dados atuais e em experiências no atendimento de crianças e adolescentes. Sabemos que, depois que uma pessoa se torna dependente de alguma droga, é muito difícil reverter a situação. Logo, prevenir é sempre o melhor remédio!

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Passo 1: família unida e com limites

É importante ter limites desde o início da vida. Se nunca houve conversas e acordos na primeira e segunda infância, será difícil que isto aconteça na adolescência. Mostrar até onde as crianças podem ir com firmeza não é crueldade, muito pelo contrário. Limites firmes e muito bem definidos formam crianças que se sentem mais amadas e seguras. E que podem tomar decisões melhores ao longo de suas vidas.

Passo 2: estimular o diálogo em família

Família é o lugar de pedir e conceder conselhos e ajuda. O amor da família tem que ser incondicional. Os filhos precisam reconhecer na família um ambiente onde eles podem tratar de qualquer assunto com segurança. Não é que a família vai concordar com tudo, mas vai ouvir, ponderar, opinar, de forma respeitosa e acolhedora. Não pode ter assunto proibido, tem que falar de tudo a todo momento.

Passo 3: refeição com a família unida

A refeição em grupo não é apenas para compartilhar o alimento, é para compartilhar pensamentos e atitudes. Mas para dar certo: sem celular na mesa!

Sabemos que muitos não podem almoçar em casa e chegam tarde para jantar, mas aproveite o pouco tempo disponível com qualidade, mesmo que seja apenas nos fins de semana. Pesquisas comprovam que fazer as refeições com os filhos diminuiu para a metade a prevalência do uso de drogas.

Passo 4: ter conhecimento do que as crianças fazem no tempo livre

Criamos os filhos para o mundo. É importante incentivar a liberdade, principalmente na adolescência, mas sempre com supervisão. Se não há supervisão, os adolescentes tomam caminhos errados e os responsáveis nem ficam sabendo, ou pior, só descobrem as escolhas erradas quando já é tarde demais.

Passo 5: supervisionar os deveres de casa dos filhos

Acompanhar os deveres dos filhos não significa fazer os deveres por eles. Na verdade, demonstra preocupação, interesse, envolvimento em tudo que eles fazem. Pesquisas mostram que o ato de acompanhar os deveres dos filhos diminui de 13,6 para 5,4% a prevalência do uso de drogas.

Passo 6: demonstrar que tem orgulho dos filhos

É importante elogiar os filhos. Em certos momentos, a cultura da nossa educação pode ser muito repressora. Cobra-se muito e se elogia pouco. A autoestima das crianças se forma desde cedo e temos a obrigação de cuidar para que cresça e se fortaleça. É brincando e estando perto dos filhos que podemos conhecê-los e entender que cada um é diferente do outro. É importante estar de forma individual com cada um, pois as necessidades são diferentes. As discussões sobre assuntos específicos não devem ser em bloco. Passem um tempo com cada um e, de preferência, reforçando o que cada um tem de positivo.

Passo 7: incentivar atividades artísticas e culturais

Este é mais um fator protetor reconhecido pela ciência. Um projeto na Islândia, país europeu com alto consumo de bebida alcoólica e drogas, simplesmente aumentou as atividades culturais e esportivas nas escolas, sem muitas palestras, alertando os pais a acompanharem seus filhos adolescentes. Isto foi suficiente para diminuir muito os problemas com drogas, inclusive com melhora nos relacionamentos familiares.  

Passo 8: envolvimento em atividades sociais                   

Ajudar o próximo é uma excelente forma de moldar o próprio comportamento. A criança que aprende isso desde cedo, experimenta a vivência de fazer o bem. E reduz a chance de seguir para o “mau” caminho. A família deve ter um projeto na área social e estimular seus filhos a participarem dele desde cedo.

Passo 9: praticar a espiritualidade

A espiritualidade é mais um fator protetor, independente de crença. E quanto mais participar, maior o fator protetor. Se a criança frequenta uma atividade espiritual semanalmente, o consumo de drogas é bem inferior daquele que vai de vez em quando. E aumenta ainda mais quando nunca vai a alguma atividade espiritual.

Passo 10: estimular boas amizades

Onde estão seus filhos? Com quem estão? O que estão fazendo?

Desde pequenas, as crianças são orientadas a ter cuidado com estranhos. Porém, quando o assunto é drogas, o perigo mora muito perto. A maioria dos adolescentes tem a primeira experimentação de drogas lícitas em casa e as ilícitas são oferecidas por um amigo(a). A experimentação é o primeiro passo para a dependência. É preciso estar de olhos bem abertos, pois pode começar dentro de casa. O cérebro se desenvolve até os 21 anos. Qualquer droga iniciada antes da maturação do cérebro causa maior dependência.

Passo 11: não fumar e beber perto dos filhos e não oferecer a eles estas drogas lícitas

Quem acha que deixar os filhos beberem em casa com os amigos é ser “amigão”, está no caminho errado. Pais que permitem que os filhos bebam antes dos 18 anos de idade, além de irem contra a lei, aumentam a chance dos filhos se tornarem alcoólatras. A ciência já determinou bem que a dependência química está associada a idade de início do uso de uma substância: quanto mais cedo começa, maior a chance de se tornar dependente.

Se o pai ou a mãe fuma, a chance de o filho fumar é maior. O tabagismo passivo já aumenta a chance de dependência do filho, pois ele já teve contato com a nicotina. Estudos demonstram que se o pai fuma, o risco do uso de drogas ilícitas pelos filhos foi quase 8 vezes maior; se há bebida alcoólica em casa, o risco de para uso de drogas ilícitas foi quase 5 vezes maior.

Passo 12: ser um bom exemplo em todos os sentidos

Crianças são como esponjas, absorvem tudo que estão ao redor, principalmente os comportamentos. Se o pai ou a mãe realiza uma ultrapassagem pelo acostamento, seu filho ou filha fará o mesmo no futuro. É importante servirem de modelo, e agir hoje da forma que gostariam que seus filhos agissem no futuro. Este passo não é o último passo à toa: ele abrange todos os passos anteriores.

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Relator:
João Paulo Becker Lotufo
Coordenador do Grupo de Trabalho no Combate ao Uso de Drogas por Crianças e Adolescentes da Sociedade de Pediatria de São Paulo