23 de setembro – Dia Internacional das Línguas de Sinais

23 de setembro – Dia Internacional das Línguas de Sinais

A essência de ser humano é a comunicação – transmitirmos nossos pensamentos: ideias e sentimentos. Dominar uma língua é fundamental para o desenvolvimento da inteligência; sem um código para nos expressarmos não conseguimos atingir todo nosso potencial, por isso é muito importante a exposição a uma língua logo ao nascimento, pois as crianças irão aprendê-la de forma natural, convivendo com as pessoas, sendo incluídas nas conversas.

Expor a criança desde muito cedo a uma língua gestual amplia suas capacidades de desenvolvimento e sua competência linguística.

As crianças surdas, que não podem se apropriar da língua oral de forma espontânea, se apropriam das línguas de sinais, desenvolvem sua linguagem e conseguem atingir seu pleno desenvolvimento.

As línguas são códigos que permitem que estruturemos nossos pensamentos. Surgem espontaneamente em uma sociedade; são uma convenção social, têm regras, estrutura e organização cerebral específica. Apesar da diversidade, têm muitas características em comum.

As línguas podem ser classificadas de acordo com o canal sensorial utilizado para sua transmissão: as línguas orais, que utilizam as vias oral – auditiva e as línguas de sinais, que utilizam as vias manual – visual. As línguas de sinais são originárias das comunidades surdas.

Você sabia que as línguas de sinais, assim como as orais, se organizam no cérebro nos mesmos locais e permitem a estruturação do pensamento? São línguas naturais, ou seja, surgem espontaneamente nas sociedades, resultado da criação coletiva de uma comunidade surda e não uma cópia de uma língua oral. São tão diversas quanto as línguas orais, temos a LIBRAS – língua brasileira de sinais, BSL – língua inglesa de sinais, LGP língua portuguesa de sinais… aliás, a língua brasileira de sinais tem origem na língua francesa de sinais e, portanto, é muito diversa da língua portuguesa de sinais.

As pessoas que dominam mais de uma língua são chamadas de bilíngues, quando essas línguas utilizam o mesmo canal sensorial, dizemos que são bilíngues monomodais, e quando são línguas que utilizam canais sensoriais diferentes, são bilíngues bimodais. O bilinguismo amplia a capacidade cognitiva, ser bilíngue é uma vantagem para o desenvolvimento cerebral da criança.

Aprender uma nova língua mantém o cérebro ativo mesmo na vida adulta e, se for uma língua em outra modalidade, mais ainda. Aprenda LIBRAS, seja bilíngue, amplie suas possibilidades cognitivas e sociais!

 Curiosidade: os sons que formam as línguas orais são os fonemas e as configurações de mãos que formam as línguas de sinais são os quiremas.

 

Relatora:
Sulene Pirana
Departamento Científico de Otorrinolaringologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo

 

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