29 de outubro – Dia Nacional do Livro

29 de outubro – Dia Nacional do Livro

“Um livro é um brinquedo feito de letras”.* Esta frase do escritor Rubem Alves salienta um dos aspectos da importância do livro, não só para crianças, mas para todos – a leitura tem que gerar prazer.

Livros perguntam e, também, respondem.

Livros inquietam, mas também relaxam e podem apaziguar a alma.

Livros tornam simples o complexo e podem revelar a profundidade do que é simples.

Livros nos transportam através da imaginação, para qualquer lugar.

Livro é um diálogo que não tem fim, entre o seu coração e ele.

Com um livro na mão não há solidão.

Livro é veículo de conhecimento e informação.

Monteiro Lobato disse que: “Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. Por isso, a leitura amplia seus horizontes e a sua capacidade de compreensão da realidade. Disse também: “Um país se faz com homens e livros”. **

A leitura estimula diversas áreas do cérebro e proporciona aumento da cultura geral. O hábito da leitura envolve imaginação, auxilia no processo de aprendizagem, na expansão do vocabulário, no desenvolvimento do raciocínio, na criatividade, na memória e na construção de senso crítico, na atenção/concentração, na modelagem emocional, na comunicação interpessoal, na inserção no mercado de trabalho.

O PISA(Programme for International Student Assessment) tornou-se o maior exame de estudantes do mundo, desde o ano 2000. O índice de leitura é utilizado nesse instrumento para medir o “compreender, usar, avaliar, refletir sobre e envolver-se com textos, a fim de alcançar um objetivo, desenvolver seu conhecimento e seu potencial, e participar da sociedade”.

De acordo com dados de 2018 do PISA – em estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 79 países, a média de proficiência dos estudantes brasileiros em leitura foi de 413 em 550 pontos, 74 pontos abaixo da média dos países da OCDE (487). Nós ficamos atrás de países como Chile, Uruguai, Costa Rica e México. 

Os livros, como os conhecemos hoje, nasceram com a impressão da chamada Bíblia de Johannes Gutenberg. Foi o primeiro livro impresso no mundo, escrito em latim e com um total de 641 páginas. O trabalho teve início em 1455 e demorou 5 anos para ser concluído. Antes, porém, a humanidade já percebera a importância desses registros, seja em argila (escrita cuneiforme), seja em papiros (couro), em pedra (monolitos), ou mesmo na evanescente areia da praia. Hoje esse universo se expandiu e cabe na palma da mão, num tablet, num celular, através dos e-books, audiobooks.

O Brasil não está bem na “fita” no ranking da leitura e do consumo de livros.

Segundo o Instituto Pró-Livro, em estudo conduzido nos três últimos meses de 2019, o brasileiro leu, de forma geral, menos de um livro por mês. Quando comparados com o resto do mundo, ficamos muito abaixo dos principais países quando se trata de tempo de leitura semanal. A Índia encabeça a lista, com uma média de 10,7 horas semanais de leitura por habitante, em seguida vem a Tailândia (9,4 horas semanais), China (8 h), Filipinas (7,6 h) e Egito (7,5 h). O Brasil aparece em 27º lugar, com uma média semanal de 5,2 horas de leitura por habitante. Já com relação à faixa etária, o público que mais lê no Brasil são os adolescentes de 11 a 13 anos; destes, 84% leem com frequência. ***

A falta de tempo, para 43% dos entrevistados na pesquisa “Retratos” **** foi o principal motivo para não conseguirem ler mais. Entretanto, 23% dos entrevistados afirmaram que não gostariam de ter lido mais e 9% preferem outras atividades e não têm paciência para ler.

Hoje, o tempo é uma moeda de consumo valiosa e disputada. As mídias sociais competem extraordinariamente pela nossa atenção. Vemos e lemos muito através dessas mídias; entretanto, elas não permitem uma concentração atenta e demorada, são um consumo passivo e rápido, fazendo com que o conhecimento gerado seja superficial. Diferente da leitura de um livro.

O hábito da leitura se constrói aos poucos, precisa ser incentivado pelo adulto que lê para a criança; pela entrega de um livro que seja manuseado e se vejam as figuras; pelo contar histórias, pelo incentivar a leitura de um livro por inteiro, pelo trocar ideias sobre o assunto com a criança. E continuar o processo sem interrupções. Dia a dia. Ano a ano. Assim, o livro vira um eterno brinquedo!

Saiba mais:

*https://educacao.curitiba.pr.gov.br/noticias/um-livro-e-um-brinquedo
**https://jmonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,72573
***https://muraldoslivros.com/dados-sobre-a-leitura-no-brasil

Relator:
Fernando MF Oliveira

Coordenador do Blog Pediatra Orienta da SPSP