No Dia da Gestante, celebrado em 15 de agosto, é imprescindível abordarmos a importância do pré-natal para a mãe e seu bebê.
Durante a gestação, a mulher passa por intensas transformações físicas, emocionais e sociais, que podem influenciar o seu bem-estar e o desenvolvimento do bebê. O pré-natal é uma oportunidade valiosa para monitorar a saúde da gestante, detectar precocemente possíveis complicações e promover hábitos saudáveis em benefício tanto da mãe quanto da criança.
Nas consultas periódicas, o obstetra avalia o progresso da gravidez, solicita e analisa o resultado de exames laboratoriais e de imagem e oferece orientações sobre nutrição, atividade física e bem-estar emocional, entre outros. A detecção precoce de condições como anemia, diabetes gestacional, hipertensão arterial ou infecções pode ser decisiva para a saúde do binômio mãe-bebê, pois muitos problemas podem ser tratados de forma eficaz se identificados a tempo.
O pré-natal também tem papel educativo. Durante as consultas, as gestantes devem ser informadas sobre as mudanças que ocorrem em seus corpos, os cuidados necessários para uma gestação saudável e os sinais de alerta a serem observados. Isso contribui para as mães se sentirem mais seguras e preparadas para enfrentar os desafios da gravidez e do parto. A orientação sobre a importância da alimentação equilibrada, do repouso adequado e da prática de atividades físicas seguras é essencial para a manutenção da saúde.
A gravidez é um período repleto de ansiedades e preocupações, e o apoio psicológico é fundamental para ajudar a gestante a lidar com essas questões. Profissionais de saúde podem oferecer suporte emocional, abordando temas como o medo do parto e a adaptação à nova vida. Isso é particularmente importante, pois a saúde mental da mãe está diretamente relacionada ao desenvolvimento do bebê.
Durante o pré-natal, é importante que seja elaborado um “plano de parto”, uma ferramenta importante que permite que a gestante expresse suas preferências sobre o trabalho de parto e o nascimento. Durante as consultas de pré-natal, as gestantes podem discutir suas expectativas e preocupações com o obstetra, incluindo opções de alívio da dor, preferências sobre intervenções, ambiente do parto, cuidados imediatos com o bebê, como o contato pele a pele e a amamentação logo após o nascimento. Ter um plano de parto ajuda a gestante a se sentir mais segura e preparada, além de facilitar a comunicação com a equipe da maternidade.
Por outro lado, é importantíssimo que a grávida siga as recomendações médicas. Isso inclui não apenas comparecer às consultas de pré-natal, mas também seguir as orientações sobre medicamentos, vacinas e hábitos de vida saudáveis. A automedicação, por exemplo, pode representar riscos sérios tanto para a mãe quanto para a criança em desenvolvimento. As gestantes devem consultar seus médicos antes de tomar qualquer medicação ou suplemento, por mais comum que seja. Do mesmo modo, a gestante deve ser informada sobre os malefícios do consumo de álcool, por menor que seja, para si mesma e, principalmente, para o bebê em desenvolvimento, e orientada a abster-se de qualquer quantidade de bebida alcoólica durante toda a gestação e a lactação.
A adesão às orientações médicas também se estende ao cuidado com a saúde bucal e à realização de exames laboratoriais e de imagem, como ultrassonografias. A saúde bucal, em particular, tem sido correlacionada com a saúde geral da gestante, e cuidados adequados nessa área podem prevenir problemas que afetam tanto a mãe quanto o bebê. Esses exames ajudam a monitorar o desenvolvimento do feto, permitindo que os profissionais identifiquem possíveis anomalias ou complicações.
Também é imprescindível que a gestante receba apoio da família e da comunidade. A participação do parceiro e de outros membros da família no processo de pré-natal pode promover um ambiente mais seguro e acolhedor, além de ajudar a mãe a sentir-se mais amparada. O envolvimento da família nas consultas e no aprendizado sobre o que esperar durante a gravidez e após o nascimento do bebê é fundamental para o sucesso dessa experiência.
Finalmente, lembramos a consulta pré-natal com o pediatra, que deve ocorrer por volta da 32ª semana de gestação. Ela é um complemento importante à atuação do obstetra, pois permite que os pais recebam informações essenciais sobre cuidados com o bebê, vacinas e sinais de alerta de problemas de saúde. Essa consulta ajuda a identificar riscos, proporciona orientações sobre amamentação e desenvolvimento, e estabelece um relacionamento de confiança entre os pais e o pediatra, facilitando o acompanhamento da saúde da criança desde o nascimento. Além disso, preparar os pais para os desafios iniciais da paternidade pode garantir um ambiente mais saudável e seguro para o recém-nascido.
Em outras palavras, o pré-natal e o cumprimento das recomendações médicas são essenciais para garantir a saúde da gestante e do bebê. Esses cuidados não apenas promovem um desenvolvimento saudável durante a gestação, mas também preparam a mãe para a maternidade e ajudam a estabelecer um vínculo afetivo com o recém-nascido. O pré-natal é, portanto, um investimento no futuro, pois uma gestação saudável resulta em um bebê mais forte e em melhores condições para enfrentar os desafios da vida. Assim, é fundamental que todas as gestantes tenham acesso a esses cuidados e sejam encorajadas a buscar e seguir as orientações médicas ao longo de toda a gravidez.
Saiba mais:
– Ministério da Saúde do Brasil. (2021). Cuidado pré-natal: manual de orientações. chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://sogirgs.org.br/pdfs/manual_assistencia_gestante_2021.pdf (atualização do Manual de 2016, publicado durante a pandemia: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf)
– Organização Mundial da Saúde (OMS). (2016). Diretrizes sobre cuidados durante a gravidez e o parto. chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/250800/WHO-RHR-16.12-por.pdf?sequence=2&isAllowed=y
Do original em inglês:
chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/250796/9789241549912-eng.pdf?sequence=1
Relator:
Corintio Mariani Neto
Membro do Departamento Científico de Ginecologia e Obstetrícia da Sociedade de Pediatria de São Paulo


