A paralisia cerebral (PC) é uma condição primariamente que ocorre afetando o sistema motor em crianças cujas características clínicas expressam-se por limitações funcionais. Observam-se alterações do tônus muscular (espasticidade ou hipotonia), paralisias de grau variado (hemiplegia, tetraplegia), alterações posturais, movimentos involuntários, ocorrendo a sua instalação nos primeiros cinco anos de idade, às vezes já evidente no primeiro ano de vida.
Considerada como entidade não progressiva, poderão verificar-se modificações com o desenvolvimento, com prejuízos funcionais, consequência da evolução das sequelas cerebrais relacionada a aquisições mais tardias. Com frequência pode acompanhar-se com atraso no desenvolvimento, com mudanças comportamentais, atraso no desenvolvimento da linguagem ou epilepsia.
É também conhecida como encefalopatia crônica infantil (ECI).
A prevalência da PC em crianças, considerando 1.000 nascimentos vivos. é de 1,5 a 3,0, sendo de maior ocorrência em famílias de condições socioeconômicas mais limitadas. A sua causa mais frequente deve-se a ocorrências no período perinatal, devido à anoxia neonatal ocorrida durante o parto, levando à lesão cerebral e determinando o quadro conhecido como encefalopatia hipóxico-isquêmica. Pode ocorrer por outras causas, com por exemplo: malformações cerebrais, infecções materno-fetais, prematuridade e complicações, meningites bacterianas.
As recuperações funcionais variam de acordo com as características dos tipos e intensidade das sequelas e das intervenções mais precoces no processo de habilitação: fisioterapia, terapia ocupacional, terapia fonoaudiológica, avaliação ortopédica (órteses, cirurgia, sapatos adequados). Estes recursos e aquisições tecnológicas mais recentes certamente irão colaborar nas melhorias funcionais para auxiliar a autonomia e independência individual.
São necessários cuidados nos comentários com os familiares sobre prognóstico a longo prazo, com relação a prejuízos ou limitações do neurodesenvolvimento. Funções como a cognição e o aprendizado poderão nos surpreender, chegando a habilidades que permitirão seu desempenho nas atividades da vida diária.
Faz-se importantes estes comentários no dia de hoje, quando se comemora mundialmente o Dia da Paralisia Cerebral, ficando a lembrança de como se manifesta clinicamente nas crianças e das possibilidades que existem com recursos atuais no seu tratamento de habilitação, trazendo conforto e possibilidade de aprendizados, e aos familiares levando afeto a seus filhos, podendo estabelecer esperanças e expectativas de possíveis aquisições.
Relator:
Saul Cypel
Membro do Departamento de Científico de Neurologia e Neurocirurgia da SPSP


