16 de novembro é o Dia Nacional de Atenção à Dislexia, uma condição relacionada ao desenvolvimento do cérebro que torna a leitura mais difícil do que o esperado, mesmo para crianças que têm inteligência normal, motivação e uma boa escolaridade. Na prática, ela causa dificuldades na hora de reconhecer palavras rapidamente, soletrar corretamente e entender o que se está lendo, o que pode ser frustrante, tanto para os pequenos quanto para os adultos.
Por que isso acontece? A dislexia tem uma origem neurológica, ou seja, ela está relacionada a diferenças na estrutura e funcionamento de algumas áreas do cérebro que lidam com a linguagem escrita. Além disso, ela costuma ser herdada, com uma chance de até 70% de passar de geração em geração.
Estudos mostram que a dislexia afeta cerca de 5% a 10% das crianças em idade escolar, podendo chegar a 17,5%, dependendo do grupo estudado. Acomete meninos e meninas, embora meninos sejam mais frequentemente encaminhados para avaliação, devido a outras dificuldades comportamentais que podem estar presentes.
O impacto da dislexia vai além da escola. Crianças e adultos com esse transtorno podem ter mais dificuldades na autoestima, sofrer de ansiedade ou até depressão, e encontrar dificuldades para manter boas relações com colegas, amigos e familiares. Quando o diagnóstico e o início do apoio chegam tarde, essas dificuldades podem se ampliar, levando a desigualdades na educação, problemas emocionais e maior estresse na família.
Por isso, conhecer e identificar a dislexia cedo é fundamental. Quanto mais cedo ela for reconhecida, maiores as chances de se oferecer o suporte adequado, ajudando a pessoa a superar essas dificuldades e a desenvolver todo seu potencial, com mais confiança e bem-estar, na escola e na vida.
Para entender como se identifica e se trata a dislexia, é importante saber que o diagnóstico envolve uma avaliação detalhada, realizada por uma equipe especializada. Essa avaliação inclui conversar com os pais e professores, observar o histórico escolar da criança e aplicar testes padronizados, que avaliam habilidades de leitura, escrita, linguagem e raciocínio. O objetivo é detectar dificuldades específicas na leitura e na escrita, que não sejam apenas decorrentes de questões sensoriais, neurológicas ou falta de oportuna instrução. A equipe recomendada é composta por educadores, psicólogos, fonoaudiólogos e médicos (pediatras, foniatras e neurologistas), trabalhando juntos para uma avaliação que permita identificar a dislexia cedo, oferecendo apoio antes que as dificuldades afetem seu desempenho escolar de forma mais grave.
O tratamento da dislexia é baseado em métodos educacionais desenvolvidos especialmente para cada pessoa. Essas intervenções focam na conscientização fonológica, no entendimento do princípio alfabético, na prática da fonética, na decodificação, na leitura fluente, no fortalecimento do vocabulário e na compreensão do texto. É fundamental que esse trabalho seja feito por profissionais treinados, com prática constante e feedbacks que ajudem a criança a evoluir. Quanto mais cedo a intervenção começar, melhores os resultados. A adaptação escolar também é importante: podem ser necessários tempo extra para provas, uso de tecnologia assistiva e materiais adaptados, tudo com o objetivo de garantir o aprendizado e a inclusão do aluno.
Quando a criança também apresenta dificuldades emocionais, como ansiedade ou depressão, o apoio psicológico pode ser necessário. Além disso, programas de exercícios visuais, atenção e recursos digitais vêm mostrando benefícios no desenvolvimento da fluência de leitura e na compreensão do texto. Vale destacar que, atualmente, não há evidências de que medicamentos ou terapias alternativas sejam eficazes para tratar a dislexia, recomendando-se a combinação de estratégias educativas e apoio terapêutico individualizado.Parte superior do formulário
Relatora:
Sulene Pirana
Médica Otorrinolaringologista e Foniatra
Vice-Presidente do Núcleo de Estudos de Desenvolvimento e Aprendizagem da SPSP


