Acidentes segundo o desenvolvimento da criança

RECÉM-NASCIDO
É inteiramente dependente do adulto, portanto, completamente indefeso. Não controla músculos, não consegue levantar a cabeça, nem se vira sozinho, geralmente permanece na posição em que foi deixado. Passa a maior parte do tempo no berço e é completamente dependente do adulto.


Nesta faixa etária as principais situações de risco são: asfixia (sufocação e engasgo por leite, chá), queimaduras e afogamento (problemas decorrentes do banho realizado de modo inadequado), intoxicações (medicamentos administrados inadvertidamente) e traumas (quedas do trocador ou do colo).

 

PRIMEIRO ANO DE VIDA
Nessa fase ocorre um rápido desenvolvimento. O bebê nos primeiros meses de vida praticamente só reage ao que vê e tem capacidade motora muito limitada. Aos 4 meses já se vira sozinho, quando deitado de costas vira-se de barriga para baixo, mantém-se sentado por alguns períodos, movimenta-se em várias posições, leva tudo à boca para morder ou chupar. Suas mãos são capazes de pegar objetos. Rola de um lado para outro, aprecia o banho, agitando-se no mesmo.

No segundo semestre de vida ocorre aumento significativo dos movimentos e do campo de ação da criança. Aos 6 meses senta-se sem apoio, vira de bruços, apóia-se nas mãos. Aos 9 meses tenta pôr-se em pé. Engatinha aos 10 meses e, geralmente, ao comemorar o seu primeiro aniversário, já está andando. Pega objetos, segura com firmeza e leva à boca.

Nesta fase, as crianças, ainda estão sujeitas a riscos provocados por terceiros e podem sofrer quedas, queimaduras, intoxicações, afogamentos, aspirações ou sufocações por corpo estranho.

 

CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS
A criança nesta idade tem uma motivação forte e constante para explorar o ambiente. Porém, a coordenação motora insuficiente e a total incapacidade de reconhecer riscos levam a um grande número de lesões físicas. Nesta faixa etária os acidentes são mais freqüentes e graves, daí a necessidade de supervisão contínua. A partir dessa idade a criança deve ser orientada dos riscos que a cercam numa linguagem compatível para o seu entendimento.


Os principais riscos são: traumas (quedas, da própria altura ou das mais variadas alturas), queimaduras (banho, fogão, panelas), afogamentos (banheira, balde, piscina), intoxicações (produtos de uso domiciliar, medicamentos, plantas), aspiração de corpo estranho, choques elétricos (aparelhos elétricos, tomadas, fios desencapados), picadas venenosas (aranhas, escorpiões, insetos) e mordeduras (animais domésticos).

 

CRIANÇAS DE 3 A 7 ANOS
Nesta fase a criança escapa ao estreito controle familiar, seu mundo começa a se ampliar. Tem uma percepção egocêntrica e irreal do seu ambiente, não sendo ainda capaz de aprender noções de segurança. Possui muita energia, curiosidade, movimentação rápida e pequena capacidade de previsão de riscos. O pensamento mágico que acompanha esta faixa etária faz a criança achar que pode cair sem se ferir, como nos desenhos animados.


Nesta idade, tem importância os atropelamentos e colisões (acidentes de trânsito), afogamentos (piscinas, tanques, rios, mar e lagos), queimaduras (além das citadas, aquelas com fogos de artifício, fósforos e fogueiras), choques elétricos (aparelhos elétricos, tomadas, fios desencapados), picadas venenosas (aranhas, escorpiões, insetos), mordeduras (animais domésticos), ferimentos (objetos cortantes, armas), traumas (quedas) e intoxicações.

 

CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS
O escolar já pode ter aprendido noções de segurança, mas ainda não tem o pensamento concreto organizado. Está desenvolvendo a capacidade intelectual e imitativa e identifica-se com super-heróis. Seu comportamento é de desafio constante a regras estabelecidas que visem sua proteção. Suas habilidades motoras estão bem além do seu julgamento crítico. Assim, sem a supervisão de adultos, os acidentes que podem ocorrer já refletem imprudência ou desorientação: atropelamentos e colisões (acidentes de trânsito),  quedas, impactos, lacerações, agressões (físicas ou não) de outras crianças na escola, traumatismos dentários, fraturas, ferimentos com arma de fogo e outras lesões.

 

ADOLESCENTES
Nesta fase da vida o corpo está mudando. Vão a festas, namoram, desejam mais liberdade e independência. Possuem controle motor completo, autonomia, raciocínio lógico e opção de livre-arbítrio. Pelas suas características de insegurança (com todas estas modificações tão rápidas que estão ocorrendo) desafiar regras pré-estabelecidas, exibicionismo e sintonia com grupos, mesmo que anti-sociais, estão sujeitos a: traumas relacionados a quedas, esportes e atropelamentos, lesões decorrentes de agressões e vícios (álcool, fumo, drogas).

 

 

Saiba mais no livro:
Crianças e Adolescentes Seguros
. Guia Completo para Prevenção de Acidentes e Violências. Sociedade Brasileira de Pediatria. Coordenadores: Renata D. Waksman, Regina M. C. Gikas e Wilson Maciel. Editora: PubliFolha, 2005.

Relatoras:
Dra. Renata Dejtiar Waksman

Vice-presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da SPSP – gestão 2007-2009; Coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência contra a Criança e o Adolescente da SPSP; Pediatra do Departamento Materno-Infantil do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP.

Dra. Regina Maria Catucci Gikas
Membro do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da SPSP – gestão 2007-2009; Presidente do DC de Segurança Infantil da SPSP – gestão 2004-2006; Pediatra do Programa da Saúde da Família do Jardim Ângela, São Paulo, SP. 

Texto divulgado em 16/08/2007.