A IMPORTÂNCIA DA NEUROMONITORIZAÇÃO PARA O DIAGNÓSTICO ADEQUADO DE CRISE CONVULSIVA EM RECÉM-NASCIDOS

Introdução:A neuromonitorização neonatal através do eletroencefalograma de amplitude integrada (aEEG) e a espectroscopia de infravermelho próxima (NIRS) vem contribuindo para o diagnóstico adequado de crise convulsiva em récem-nascidos (RN).
O período neonatal é o de maior risco para o surgimento de crises convulsivas, atingindo 1 a 3,5/1000 bebês, cerca de 80% das crises são assintomáticos, e portanto não diagnosticadas clinicamente e quando apresentam movimentos sugestivos de convulsão clínica nessa faixa etária, somente 18% são confirmados como crise no eletroencefalograma (EEG).
Relato de caso :RN, 41+3 semanas, parto cesárea por sofrimento fetal agudo com anóxia moderada, mantido em ar ambiente desde o nascimento até a alta.
Devido o evento asfíxico perinatal agudo, foi coletado com 1 hora de vida, a gasometria arterial mostrando acidose metabólica e o exame de SARNAT SARNAT, o classificou como Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica moderada, sendo indicada Hipotermia Terapêutica (HT) com colchão servo controlado e neuromonitorização com aEEG e NIRS. No primeiro dia de vida, evoluiu com o NIRS cerebral permanentemente elevado, e com 31 horas de vida, apresentou crise convulsiva subclínica, sendo medicado com Fenobarbital (20mg/kg).
O RN permaneceu com a neuromonitorização durante às 72 horas da HT e 24h após o seu término, evolui com disfunção cardíaca leve, necessitou de drogas vasoativas, sem novos episódios convulsivos. Recebeu alta com lactancia materna exclusiva.
Na Ressonância Magnética (RMN) realizada com 7 dias de vida, apresentava hipersinal em Gânglios da Base, Tálamo e Córtex.
Conclusão: Acreditamos que o uso da neuromonitorização em RN com alto risco para lesão cerebral, através de protocolos bem estabelecidos e equipe treinada, pode contribuir para o diagnóstico correto e tratamento oportuno de crises convulsivas, e colaborar com a avaliação do prognóstico neurológico desses pacientes. Neste caso, a suspeita de injúria cerebral só foi possível através da utilização destas ferramentas.