INTRODUÇÃO: Abscesso hepático é caracterizado pela formação de coleções purulentas no fígado, possui baixa prevalência, sobretudo na população pediátrica. Infecções bacterianas são causas comuns em crianças, sendo a principal via de disseminação a hematogênica proveniente de infecções intrabdominais. Sua clínica é pouco específica, podendo retardar seu diagnóstico. DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente, masculino, 4 anos, sem comorbidades, encaminhado de hospital sem especialidade de cirurgia pediátrica, é admitido em pronto atendimento médico pediátrico com história de febre intermitente não aferida com início há 12 dias, associada a dor abdominal em andar superior. No hospital de origem, hemograma evidenciou leucocitose com desvio à esquerda e a ultrassonografia de abdome total mostrou nódulo hepático heterogêneo em lobo direito medindo 59 mm x 50 mm, sendo iniciados ceftriaxona e metronidazol, com encaminhamento para avaliação pela cirurgia pediátrica. No hospital de destino, tomografia de abdome apontou lesão nodular hepática hipodensa, cística e multiseptada medindo cerca de 7,3 cm x 6,0 cm. O paciente foi submetido à punção guiada por ultrassom, com coleta de 15 ml de material purulento, cuja cultura foi positiva para Staphylococcus aureus resistente à oxacilina (MRSA). Foi escalonado antibioticoterapia para vancomicina, com melhora clínica, e iniciada investigação para endocardite infecciosa. DISCUSSÃO: O abscesso hepático é raro, mas potencialmente grave. Pode ser classificado como piogênico ou amebiano, sendo que a etiologia varia de acordo com a população, onde o Staphylococcus aureus é o principal agente nas crianças. Seu quadro inespecífico (febre, dor abdominal e, em casos avançados, icterícia) dificulta o diagnóstico, envolvendo exames laboratoriais e de imagem. Seu tratamento envolve antibioticoterapia e, em alguns casos, drenagem percutânea das coleções. CONCLUSÃO: O abscesso hepático piogênico é uma importante causa de febre e dor abdominal na pediatria, devendo ser hipótese diagnóstica em casos semelhantes. Assim, nota-se a importância de diagnóstico e intervenção precoces para prevenir pior prognóstico.