ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EM EMERGÊNCIA PEDIATRICA

Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das afecções agudas pouco frequentes na pediatria e de difícil diagnostico principalmente entre lactentes, devido à dificuldade de um exame físico direcionado e ao estágio de desenvolvimento neuropsicomotor. Apesar de incomum, emergencistas pediátricos devem ficar atentos a esse diagnostico diferencial, pois realizarão o primeiro atendimento.
Descrição do caso: Lactente, sexo masculino, 5 meses , admitido no Departamento de Emergência Pediatrica com contrações em hemiface, lateralização do pescoço e enrijecimento tônico de membro superior e inferior à esquerda, com duração aproximada de 10 segundos, de forma intermitente. Mãe refere que na manhã do início dos sintomas, criança havia recebido a segunda dose da vacina meningo C e negou febre. Ao exame neurológico, acordado, ativo e reativo, pupilas isocóricas e isofotorreagentes, diminuição de tônus e força muscular em membros superior e inferior esquerdo após crises.
Discussão: Elaboradas como hipóteses diagnósticas: crise epiléptica focal secundária a epilepsia, meningoencefalite viral ou reação vacinal. Após estabilização neurológica, com hidantal 20 mg/kg, realizada tomografia computadorizada de crânio, indicando hipoatenuação basal e insular à direita, bem delimitada, sem efeitos expansivo ou atrófico, de provável natureza isquêmica e duvidoso foco de hipoatenuação corticossubcortical parietal a esquerda. Em ressonância magnética de crânio, identificada lesão acometendo putámen, corpo do núcleo caudado e porção central da coroa radiata à direita, de provável origem isquêmica aguda, corroborado por angioressonância, evidenciando hipoplasia do segmento a1 da artéria cerebral anterior à direta. Criança internada aos cuidados da neurologia pediátrica, em uso de hidantal de manutenção. Recebe alta hospitalar após 7 dias, com manutenção de hemiparesia esquerda e desvio de rima labial direita, em acompanhamento ambulatorial com equipe.
Conclusão: Apesar de ser uma afecção pouco comum na pediatria, é um diagnóstico diferencial importante devido à alta morbimortalidade, portanto devemos manter alta suspeição diagnóstica para melhor prognóstico.