ADOLESCENTES E JOVENS VIVENDO COM HIV/AIDS POR TRANSMISSÃO VERTICAL: A EXPERIÊNCIA DA PATERNIDADE

Introdução: Adolescentes/jovens vivendo com HIV/aids por transmissão vertical (AJHITV) atingiram idade na qual maternidade/paternidade tornaram-se possíveis. Conhecer suas particularidades é a base para o desenvolvimento de uma boa linha de cuidado.
Objetivo: avaliar e descrever as características dos AJHIVTV que vivenciaram ou não a paternidade em serviço de referência em HIV/Aids de São Paulo.
Métodos: estudo transversal, dados coletados por meio de questionários e amostra de AJHITV do sexo masculino, realizado de janeiro a dezembro de 2019 com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição.
Resultados: Dos 34 AJHIVTV em acompanhamento, 25 preenchiam critérios para inclusão e 19 participaram do estudo. 68% já haviam tido doenças oportunistas, 100% alguma falha terapêutica prévia, eram multiexperimentados, com média de 6,6 esquemas prévios, aproximadamente 100% utilizaram todas as classes antirretrovirais. 50% relatavam perda de seguimento em algum momento da vida, com 31% estando nessa situação no momento do estudo. Apenas 47% relatavam adesão 8805, 80% aos ARV. Seis deles eram pais, com média de idade de 24,6 (20 a 29 anos), tendo se tornado pais em média com 23,1 anos. 100% heterossexuais, 50% órfãos, trabalhando e declararam dependência financeira de algum membro da família. 33% relatavam uso de tabaco/álcool/drogas. 100% das parceiras realizaram pré-natal, apenas 1 gestação planejada, 33% dos casos sem diagnóstico revelado para a parceira. Dos AJHIVTV pais, cinco tinham 1 filho, havendo um com dois e um com três filhos. Apenas 50% conheciam métodos contraceptivos/sentiam-se bem informados sobre paternidade. 66% não referiram interferência do HIV no desejo de terem filhos e apresentavam carga viral do HIV indetectável na gestação da parceira. Não houve casos de TV nos filhos desses jovens.
Conclusões: a paternidade é um tema pouco explorado no seguimento dos AJHIVTV. Estruturação de políticas públicas, cumprimento do pré-natal do homem e planos terapêuticos singulares são necessários para um cuidado integral.