Introdução: A adolescência é uma fase de complexas transformações biopsicossociais, havendo frequentemente situações de variações e contradições do humor, motivadas por enfermidades psicológicas e eventos traumáticos. Dessa forma, essa etapa da vida se torna um momento propício ao autoextermínio como meio de findar os questionamentos internos angustiantes. Assim, alguns estudos permitem traçar um panorama da situação com vistas a nortear as ações de prevenção. Objetivo: Analisar a tendência temporal das taxas de mortalidade por suicídio em adolescentes no Nordeste. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico do tipo série temporal considerando o período de 2012 a 2021, empregando dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde. As taxas de mortalidade foram calculadas por ano e grupos etários (10 a 14 anos e 15 a 19 anos). A tendência foi investigada com uso de regressão linear simples a nível de significância de 5%. Os resíduos do modelo foram testados para autocorrelação serial pelo teste Durbin-Watson. Resultados: Na série temporal avaliada, a taxa de mortalidade em adolescentes nordestinos por suicídio foi menor no ano de 2012, com 1,9 mortes por 100 mil habitantes, enquanto 2021 apresentou a maior taxa, correspondendo a 3,0 óbitos por 100 mil. Houve uma tendência crescente de suicídios ao longo da década avaliada, com média de 4,2% ao ano (IC95%: 2,4%, 5,9%). O R² ajustado do modelo foi 0,704 e os resíduos não foram autocorrelacionados. Conclusão: Observa-se que, neste período, a taxa de suicídio entre adolescentes no Nordeste apresentou uma tendência de aumento gradual, com ligeira queda em alguns anos. Tal cenário demonstra a necessidade de aumentara oferta e favorecer o acesso aos serviços de saúde mental para que se propicie o apoio psicológico necessário, revertendo essa preocupante tendência.
Sociedade de Pediatria de São Paulo
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