Introdução: A mielomeningocele (MMC) é uma das malformações congênitas mais comuns no mundo. Decorre do defeito no fechamento do tubo neural, que causa disfunção motora em múltiplos órgãos, dentre esses a bexiga e o intestino. A bexiga neurogênica (BN) é a principal complicação da MMC e pode determinar condições graves, como a doença renal crônica (DRC). Apesar do grande impacto na sobrevida e na qualidade de vida desses pacientes em funções básicas, a abordagem do tema na pediatria ainda é escassa. Objetivos: Capacitar o pediatra para o diagnóstico precoce e seguimento adequado desta população, contribuindo para a melhor adesão terapêutica e redução da morbimortalidade das crianças com BN por MMC. Métodos: Revisão narrativa da literatura. Artigos selecionados segundo relevância nas bases de dados Lilacs, PubMed e SciELO. Resultados: A bexiga neurogênica cursa com alterações nas funções de armazenamento e/ou esvaziamento vesical, aumentando o risco de incontinência urinária, infecção do trato urinário de repetição (ITUs) e refluxo vesicoureteral (RVU) e hidronefrose, com consequente deterioração da função renal e evolução para DRC. Para evitar a deterioração da função renal recomenda-se o início precoce do cateterismo vesical intermitente limpo (CIL), no período neonatal. A classificação de BN é realizada pela urodinâmica com a medida de pressão intravesical, guiando a indicação de tratamento com medicação anticolinérgica. O acompanhamento deve ser realizado com exames periódicos. Todos os protocolos sugeridos por revisões sistemáticas recentes, como o da ESPU, do UMPIRE do CDC e do ICCS recomendam a abordagem proativa iniciada na maternidade com a periodicidade de realização de cada exame por faixa etária. Conclusão: O acompanhamento dos pacientes com BN por MMC deve ser integral, multidisciplinar e regular. Deverá ser realizada vigilância ativa da função renal e vesical para evitar ou postergar a progressão para DRC e demais complicações.