Introdução. Pessoas vivendo com HIV (PVHIV) podem apresentar falhas vacinais ou perda acelerada de anticorpos adquiridos com a vacinação.
Objetivo. Avaliar a situação vacinal e proteção ao sarampo numa coorte de PVHIV num serviço de referência em São Paulo.
Métodos. Estudo conduzido de julho a dezembro de 2018, com aprovação do comitê de ética local. Dados clínicos de adolescentes e adultos jovens vivendo com HIV foram obtidos do prontuário médico. Considerou-se dose válida da vacina qualquer dose de tríplice viral (SCR), dupla viral (SR) ou vacina para sarampo recebida após os 12 meses de vida. Amostra de sangue foi coletada para medir os níveis de IgG contra sarampo pelo método ELISA, sendo considerados protetores aqueles acima de 200 UI/mL.
Resultados. Foram incluídos 62 pacientes: 3 com aquisição horizontal do HIV e 59 com transmissão vertical. Em relação à situação vacinal, 98 (61) tinham pelo menos 1 dose válida da vacina: 18/62 (29) com 1 dose, 34/62 (55) com 2 doses, 7/62 (11) com 3 doses e 2/62 (3) com 4 doses. Apresentaram níveis protetores de IgG para sarampo apenas 5/62 sujeitos avaliados (8) 4 com transmissão vertical (receberam duas doses da vacina) e um com transmissão horizontal (recebeu apenas uma dose da vacina).
Conclusão. As recomendações para vacinação contra o sarampo para PVHIV sofreram modificações no decorrer do tempo e apesar do acompanhamento em serviço de referência, 30 dos pacientes não haviam recebido o número de doses recomendadas, talvez em consequência da imunossupressão. O achado de apenas cinco pacientes com níveis de anticorpos protetores para o sarampo nos alerta para a necessidade de avaliar os níveis de anticorpos pós vacinas em PVHIV. Pacientes sem imunossupressão severa estão recebendo um dose adicional da vacina e a resposta de anticorpos será novamente avaliada.