COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR EM LACTENTE: A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO COM O PEDIATRA

Introdução: No grupo das cardiopatias congênitas, a comunicação interventricular (CIV) é a mais frequente, sem predileção por sexo, podendo ser isolada ou associada a outras alterações.

Descrição: Lactente feminina, 3 meses e 7 dias, pré-natal adequado, parto cesáreo, triagens neonatais sem alterações, é trazida à consulta de puericultura. Ao nascimento, identificou-se sopro sistólico 4+/6+, foi diagnosticada CIV perimembranosa moderada com repercussão hemodinâmica moderada ao ecocardiograma e permaneceu por 4 dias em cuidados intensivos. Iniciado acompanhamento com cardiopediatra, foram prescritos Captopril 5mg/ml e Furosemida 10mg/ml, com posterior acréscimo de Espironolactona 10mg/ml. A paciente apresentou boa evolução, com redução progressiva da repercussão hemodinâmica ao ecocardiograma, não apresentando mais repercussão em exame realizado aos 11 meses. Ao exame físico, tem-se redução da intensidade do sopro desde os 8 meses. A paciente sempre apresentou crescimento, ganho de peso e marcos do desenvolvimento adequados. Mantém acompanhamento regular com a pediatria e a cardiopediatria, sem proposta de tratamento cirúrgico até então.

Discussão: A CIV é uma cardiopatia com hiperfluxo pulmonar, a partir de shunt esquerda-direita. Nesse sentido, o sopro é uma das principais alterações clínicas pelos quais neonatos e lactentes são encaminhados para avaliação específica. Assim, considera-se o ecocardiograma bidimensional com doppler o método ideal para diagnóstico fetal ou pós-natal, permitindo avaliação anatômica e funcional. A classificação da CIV em pequena, moderada ou grande depende da relação do fluxo pulmonar com o fluxo sistêmico e de seu tamanho, sendo esta uma das formas de avaliar o prognóstico. Em uma CIV moderada, além do sopro holossistólico, o paciente pode cursar com outros sintomas, como desenvolvimento ponderoestatural insatisfatório.

Conclusão: O pediatra apresenta papel central em suspeitar e reconhecer as cardiopatias congênitas, modificando seu curso natural, haja vista que a mortalidade torna-se muito elevada com o seguimento da história natural da doença.