Introdução
A sífilis em gestantes é um grave problema de saúde no Brasil, se relacionando muitas vezes aos casos de neurossífilis neonatal. A neurossífilis é uma das mais preocupantes complicações da sífilis congênita, pois pode resultar em síndromes neuropsiquiátricas, óbito fetal, aborto e demências.
O diagnóstico durante o pré-natal e tratamento apropriado até 30 dias antes do parto reduz em muito o risco de complicações pela sífilis, porém a realidade é que em muitos casos o tratamento não ocorre dentro do prazo, ou de maneira adequada.
Objetivo
Correlacionar a presença de neurossífilis, em recém nascidos filhos de mães com tratamento inadequado ou não realizado para sífilis diagnosticada durante o pré-natal.
Método
Estudo transversal em recém nascidos expostos à sífilis, realizado por meio da coleta de dados das fichas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de janeiro de 2022 a junho de 2023, de um hospital público terciário regional.
Resultados
Foram coletadas 185 fichas. Utilizando alguns critérios de exclusão como momento do diagnóstico de sífilis e preenchimento inadequado da ficha, a amostra final foi de 139 fichas. Foram observadas alterações liquóricas em 31 (18,12%). Dos 31 RNs com neurossífilis temos que 12 (38,7%) gestantes realizaram tratamento considerado adequado e 19 (61,29%) realizaram um tratamento inadequado ou não o realizaram.
Conclusão
Mesmo com o diagnóstico sendo feito no pré-natal e a existência de um protocolo de tratamento eficaz, a adesão materna ao tratamento e o controle dos sistemas públicos de saúde sobre esse ponto mostra uma grande defasagem.
Sugerindo uma demanda para a busca ativa da mãe e parceiro/parceiros para o tratamento e também para o estreitamento dos critérios usados para avaliação de tratamentos bem sucedidos, que de fato promovam a prevenção da infecção fetal e redução da incidência deste diagnóstico, assim como suas consequências.