Introdução: O isolamento social adotado em resposta à pandemia da COVID-19 representou uma estratégia para conter o avanço da doença, resultando em mudanças significativas na rotina das crianças. Por consequência, o impacto dessa medida de contenção foi observado no cotidiano infantil, com particular repercussão na esfera social, transformando não apenas a dinâmica das relações familiares, mas também a maneira como as crianças relacionam-se com estes familiares e seus amigos. Objetivo: Avaliar as mudanças provocadas pela pandemia da COVID-19 nos hábitos sociais de crianças. Métodos: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa. A coleta de dados foi realizada através de um formulário eletrônico em que apresentou amostragem não probabilística composta por pais e/ou responsáveis por crianças com idade entre 6 e 14 anos. Ademais, a pesquisa possuiu abordagem transversal, analítica e análise/interpretação dos dados qualiquantitativa. Resultados: O perfil da população do estudo foi, predominantemente, entre 10 e 11 anos (31,44%), do sexo feminino (56,19%), residente em Minas Gerais (73,71%) e que cursava o ensino fundamental I (64,43%). As relações familiares demonstraram aumento da proximidade tanto com o pai (p=0.001) quanto com a mãe (p=0.0046) e os irmãos (p=0.0009), à medida que tal vínculo tornou-se mais conflituoso com o pai (p=0.0071), mãe (p=0.0019) e irmãos (p=0.0003). Todavia, houve redução significativa na proximidade com avós, tios e primos (p<0,0001), sem diferenças estatisticamente significantes na relação (p=0.1148). Fora do âmbito familiar, foi encontrado redução no número de amigos no ciclo social (p<0.0001) e na frequência de encontros semanais (p<0.0001). Conclusão: Constatou-se alterações tanto na proximidade quanto no vínculo das crianças, visto que elas se aproximaram dos pais e irmãos ao passo que se distanciaram de outros parentes, como avós, tios e primos. Em relação aos amigos, o ciclo social tornou-se mais restrito e com menor número de encontros semanais.