CRIANÇAS COM DIFICULDADES ALIMENTARES CONSOMEM EXCESSO DE BEBIDAS AÇUCARADAS.

Introdução: O consumo excessivo de bebidas açucaradas (BA) na infância é uma preocupação no acompanhamento das dificuldades alimentares (DA), visto que podem gerar inadequações do estado nutricional.
Objetivo: Estimar o perfil do consumo de BA e comparar o padrão de ingestão segundo sexo, idade e índice de massa corporal (IMC) em crianças com DA.
Métodos: Estudo transversal realizado em ambulatório especializado em DA, com 119 crianças de ambos os sexos entre 0 e 18 anos. Os seguintes dados foram coletados de prontuários e diário alimentar: idade, sexo, IMC/idade, volume e bebida ingerida, ingestão energética correspondente e total diária. Foram utilizados testes não paramétricos de Mann-Whitney e correlação de Spearman, com nível de significância menor que 5.
Resultados: A maioria da amostra era do gênero masculino (66,1), considerada eutrófica quanto ao IMC/idade (77,3), com média de idade de 4,1 anos. O maior consumo foi de leites, sucos em geral, chás, água de coco, refrigerantes e outras bebidas açucaradas lácteas e não lácteas, sendo as maiores médias de ingestão diária atribuídas ao leite (485ml ± 263) e bebidas lácteas açucaradas (616ml ± 296). Os maiores contribuintes para o consumo energético das crianças foram leite (55) e sucos (9). Crianças do gênero masculino apresentaram maior consumo de sucos (p=0,028) e de BA não lácteas (p=0,001). Lactentes apresentaram maior consumo de BA e sua contribuição energética foi de 3. Houve redução do volume de ingestão de leite (p=0,028) e aumento no volume de sucos (p=0,001), refresco em pó (p=0,02), chá (p=0,046) e refrigerante (p=0,041) com o avanço da idade.
Conclusão: Crianças com dificuldades alimentares consomem BA em excesso. Foi evidenciado o maior consumo de sucos por crianças do sexo masculino e o leite apresentou maior contribuição energética na dieta total, porém a associação encontrada entre contribuição energética de bebidas, idade e IMC foi fraca.