CRIANÇAS COM DIFICULDADES ALIMENTARES E DOENÇAS ORGÂNICAS ASSOCIADAS APRESENTAM MAIOR PREVALÊNCIA DE BAIXO PESO?

Introdução: A dificuldade alimentar (DA) pode ou não ter como origem a presença de doenças orgânicas (DO) que, por sua vez, podem levar à diminuição do apetite e ganho de peso da criança.
Objetivo: Descrever a prevalência e o tipo de DO mais diagnosticadas em crianças com DA e comparar o estado nutricional de crianças sem e com DO associadas.
Métodos: Estudo de delineamento transversal realizado em ambulatório especializado, baseado em dados de prontuários, com 193 registros de crianças entre 3 e 213 meses de vida com DA, de ambos os sexos. Foram selecionadas as variáveis: idade, sexo, estado nutricional, diagnóstico de DA e DO associada. O estado nutricional foi avaliado por meio do índice de massa corporal (IMC) para idade, classificado em com baixo peso (BP) e sem BP. Para a análise descritiva, as variáveis foram apresentadas por meio de médias e frequências relativas. Para o teste de diferenças entre presença de DO e estado nutricional utilizou-se o qui-quadrado de Pearson.
Resultados: A idade média das crianças foi de 49,5 meses, sendo a maioria do sexo masculino (66,8), eutróficos para IMC/idade (88,2). Em relação a DA, os diagnósticos mais frequentes foram seletividade (48,2), apetite limitado (14,0) e interpretação equivocada (12,0), sendo que 38,4 apresentava DO associada. A DO mais prevalente foi comorbidade gástrica (30,4), seguida de neurológica (23,2), outras (24,6) e alergia (21,8). Dentre as crianças com DO, apenas 6,9 apresentaram BP, enquanto que entre as crianças sem DO, 7,6 apresentaram BP. No entanto, não houve diferença estatisticamente significativa entre presença de DO e estado nutricional.
Conclusão: Crianças com DA que possuem DO não apresentam maior prevalência de BP. Portanto, a avaliação do ganho ponderal isoladamente não é um bom parâmetro na investigação de DO pelo pediatra.