Introdução:
A hemorragia intracerebral (HIC) em crianças é rara, frequentemente incapacitante, ocasionando altas taxas de morbidade e mortalidade. As causas mais comuns são malformações vasculares. Devido à sua raridade e curso potencialmente fatal, torna-se relevante o relato do caso clínico, com o objetivo de expor os sinais e sintomas iniciais, terapêutica aplicada e evolução clínica.
Descrição do caso:
Sexo masculino, 13 anos, previamente hígido, deu entrada em PSI com história de perda súbita de consciência. À admissão apresentava Glasgow 4, pupilas midriáticas, FC 45-65 bpm, PA 114×50 mmHg, FR 22 irpm, satO2 97%, dextro 166 mg/dl. Monitorizado, mantido sob fonte de oxigênio e com AVP. Optado por IOT, acoplado em ventilação mecânica e realizadas medidas de proteção neurológica. Realizada TC de crânio com contraste, visualizado volumoso hematoma intraparenquimatoso em região frontotemporal esquerda, com compressão do sistema ventricular ipsilateral e desvio de estruturas da linha média. Paciente submetido a drenagem de hematoma sem intercorrências. Em arteriografia visualizada MAV Spetzler-Martin II residual. Evoluiu com melhora do nível neurológico, apresentando como sequela disfasia e hemiparesia direita.
Discussão:
A HIC tem como sintomas iniciais: cefaleia, vômitos, alteração do nível de consciência, convulsão e déficit focal. O início dos sintomas pode ser agudo ou subagudo. O diagnóstico tardio está associado a sintomas inespecíficos ou de início subagudo, sugerindo que tal hemorragia possa ser facilmente subdiagnosticada. Em relação ao tratamento, há a possibilidade de manejo conservador, porém o procedimento neurocirúrgico pode ser necessário. Após o evento, pode haver recuperação completa da função neurológica ou resultar em sequelas neurológicas.
Conclusão:
Apesar do advento de novas técnicas de neuroimagem e ensaios de coagulação, podemos concluir que a HIC representa um desafio diagnóstico na atualidade. Isso se deve a sua raridade, presença de sintomas inespecíficos e inicio subagudo, o que ocasiona diagnóstico tardio e atraso no inicio da terapêutica adequada.