A úlcera de Jacquet, conhecida como uma exulceração ou ulceração associada às formas graves de dermatites de fraldas, é uma condição dermatológica geralmente iniciada a partir do sexto mês de vida. Caracteriza-se por lesões papuloeritematosas e erosivas crateriformes com bordas elevadas que podem variar em sua profundidade, geralmente nas regiões genital e perianal, podendo estar associada a Candida albicans. O relato descreve um lactente de 1 mês e 16 dias, atendido por choro constante e dermatite perineal desde o 21º dia de vida. Com histórico familiar de bronquite materna e alergia ao leite de vaca (APLV) do tio paterno, não obteve melhora prévia com óxido de zinco, dipropionato de betametasona com cetoconazol e gentamicina. Após aleitamento materno exclusivo até 40 dias, iniciou uma fórmula parcialmente hidrolisada do soro de leite. O exame físico sugeriu úlcera de Jacquet e APLV. A prescrição incluiu dieta materna sem laticínios e outras restrições alimentares, com substituição da fórmula infantil por uma de aminoácidos livres. Cefalexina (50mg/kg/dia), fluconazol (3mg/kg/dia) e creme de barreira foram iniciados por 5 dias. Dois dias após, houve sangramento retal moderado. Seis dias depois, a dermatite e o choro melhoraram. Ao exame dermatológico, lesão macular extensa, eritematosa, cicatricial em região perianal e bolsa escrotal bilateralmente e lesão levemente hipertrófica eritematosa pós inflamação na coxa direita. Atualmente, com acompanhamento gastropediátrico, o lactente mantém dieta materna mista, com desaparecimento da dermatite, mas alterações dietéticas maternas resultam em recidiva de pequenas lesões perineais. Este caso enfatiza a relevância do diagnóstico acurado da dermatite de Jacquet, dada a sua raridade e potencial gravidade, além de destacar a escassez de literatura sobre o tema, representando um desafio adicional para a dermatopediatria.