Introdução: O suicídio é um grave problema de saúde pública global, sendo a segunda causa de morte em jovens de 10 a 24 anos de idade, atingindo todos os níveis sociais, independente de escolaridade, posição financeira ou social. A ideação suicida destaca-se por ser importante fator de risco para o comportamento suicida, justificando estudá-la mediante aspectos comportamentais e cognitivos semelhantes naqueles com este comportamento.
Objetivo: identificar distorções cognitivas associadas ao suicídio em adolescentes de 11 a 14 anos.
Metodologia: estudo observacional, descritivo e transversal realizado com 200 pacientes de 11 a 14 anos internados em enfermaria hospitalar do interior de São Paulo no período de outubro/2022 a março/2023. Responderam a três questionários: sóciobiodemográfico, escala CATS (Questionário de Pensamentos Automáticos para Infância e Adolescência) e BSI (Inventário Beck de suicídio). Os dados foram processados e analisados por estatística descritiva, Qui-quadrado de McNemar, Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher, com nível de significância de 5% (p<0,05).
Resultados: Idade média de 12,7 anos (DP: 1,10 anos), a mais frequente: 14 anos (31,5%), seguida de 13 (26%), 12 (23,5%) e 11 (19%). Sexo feminino compôs 50,5% da amostra. Os principais resultados relacionados ao pensamento suicida foram: pertencer ao sexo feminino, predominância de 14 anos e prevalência de 21% de ideação suicida nos adolescentes. 57% daqueles com ideação suicida denotaram tentativa de autoextermínio e disparidade na forma de pensar em comparação aos que não a apresentaram. Distorções cognitivas de ameaça física, ameaça social, intenções hostis e fracasso pessoal foram associadas à ideação suicida neste estudo (todas p<0,001).
Conclusão: Pensamentos distorcidos presentes em adolescentes podem influenciar no processo de informações e levar à interpretação ameaçadora sobre o futuro e o mundo. Essas distorções realçam o sentimento de desamparo e desesperança, tornando o indivíduo mais propenso a comportamentos suicidas.