Farmacodermias são reações cutâneas a drogas com manifestações diversas na população pediátrica, desde erupções cutâneas generalizadas transitórias ou lesões localizadas maculares, bolhosas ou pustulosas sem comprometimento de outros órgãos, até doenças cutâneas graves com impacto sistêmico significativo, resultando potencialmente fatais. As farmacodermias classificadas como graves pela OMS são: síndrome de Stevens-Johnson, necrólise epidérmica tóxica, síndrome de hipersensibilidade a medicamentos (DRESS) e pustulose exantemática aguda generalizada. O reconhecimento precoce dessas entidades permitirá o estabelecimento precoce do tratamento e melhora do seu prognóstico. Consiste na suspensão imediata do fármaco potencialmente implicado, às vezes com o uso de corticoide sistêmico, imunomoduladores e, em casos de gravidade e comprometimento de múltiplos órgãos, suporte em unidades especiais de atendimento.
É descrito o caso clínico de uma paciente de 11 anos com história de obesidade que, no contexto de tratamento intravenoso para doença invasiva por MRSA a partir de impacto cutâneo e ósseo, desenvolve quadro caracterizado por eritrodermia, eosinofilia e aumento das transaminases compatível com DRESS, que se resolve após a suspensão do tratamento com antibióticos (rifampicina, vancomicina e linezolida) e o início dos corticosteroides intravenosos. Um alto índice de suspeita diagnóstica de síndrome de hipersensibilidade a medicamentos com a suspensão do tratamento que desencadeia a mesma é fundamental para a resolução do quadro que descrevemos.