ENTOMOFTOROMICOSE SUBCUT NEA EM CRIANÇA: RELATO DE UM CASO COM DIFÍCIL DIAGNÓSTICO

Introdução: A entomoftoromicose subcutânea é uma rara infecção fúngica que tem como principal patógeno o gênero saprófita Basidiobolus. A micose predomina em pacientes imunocompetentes de regiões tropicais e subtropicais, tendo diagnóstico dificultado em razão da presença de lesões que podem mimetizar outras infecções e neoplasias.
Descrição do caso: A.N.C.S, 4 anos, natural de Água Branca/PI, previamente hígida, apresentou nodulação e abscesso em nádega esquerda, sendo inicialmente conduzida e tratada sob hipótese diagnóstica de furunculose. Após breve melhora, foi admitida em hospital pediátrico terciário devido à disseminação de nódulos endurecidos, móveis, indolores à palpação, com flogose, em regiões de nádegas, inguinal, pubiana e face interna da coxa esquerda, com acometimento de linfonodos inguinais associado. Apresentava ainda quadro de anemia grave, com necessidade prévia de hemotransfusão, associada a febre persistente e perda ponderal de 3,3 kg durante a evolução de 5 meses da doença. À frente de exames laboratoriais e de imagem inconclusivos, equipe multidisciplinar a conduziu com hipótese diagnóstica de piomiosite, redefinida como entomoftoromicose após análise histopatológica de produto de biópsia de linfonodo inguinal à esquerda. Com o diagnóstico definitivo, foram iniciados anfotericina B e solução saturada de iodeto de potássio. Após resposta satisfatória ao tratamento hospitalar, com regressão importante das áreas de nodulação, a equipe optou por alta com seguimento ambulatorial, continuando tratamento com solução saturada de iodeto de potássio associado a itraconazol xarope por 6 meses.
Discussão: Apesar de rara, a suspeição dessa entidade como diagnóstico diferencial de doenças subcutâneas crônicas permite diagnosticá-la precocemente, sendo de suma importância para prevenir sua morbidade, como a desfiguração dos pacientes, além de investigações e intervenções cirúrgicas desnecessárias. O tratamento com antifúngicos associado à solução saturada de iodeto de potássio mostrou-se eficaz.
Conclusão: O caso destaca a complexidade diagnóstica e o manejo multidisciplinar da entomoftoromicose em crianças.