Introdução: O desmatamento emerge como uma ameaça substancial à saúde pública, uma vez que expulsa insetos e parasitas de seus habitats naturais, impulsionando sua migração para áreas urbanas e elevando o risco de doenças, como a Leishmaniose Visceral (LV). Em São Paulo (SP), a notável taxa de desflorestamento e a alta densidade populacional convergem para um aumento significativo de casos da doença em crianças e adolescentes do estado. Objetivos: Analisar a relação do desmatamento no estado de SP com a incidência da doença LV em pacientes pediátricos (0-19 anos) entre 2001 e 2022. Metodologia: Estudo observacional e retrospectivo, com coletas de informações no banco de dados do DATASUS, provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), para identificar os aspectos epidemiológicos da LV, bem como da plataforma MAPBIOMAS para a obtenção de dados acerca do desmatamento no estado de SP. Por fim, os dados foram tabulados e analisados no software Jamovi 2.4.11. Resultados: Entre 2001 e 2022, observa-se uma redução na taxa de desmatamento anual, passando de 81,08% para 79,84%. Paralelamente, a incidência de LV diminuiu de 0,15 casos por 100 mil habitantes em 2001 para 0,06 casos em 2022. A análise revelou uma relação significativa entre essas variáveis, indicando que a taxa de desmatamento explicou 60,5% da variação na incidência da doença (R² = 0,605, p < 0,001). Notavelmente, a redução do desflorestamento correlacionou-se com uma diminuição no número de novos casos durante o período avaliado. Conclusão: O presente trabalho ressalta a importância das práticas de conservação ambiental na mitigação de doenças transmitidas por vetores. A notável correlação entre a diminuição do desflorestamento e a redução no número de novos casos sugere que esforços contínuos para preservar o ambiente podem contribuir de maneira eficaz para o controle da LV em populações pediátricas do estado de São Paulo.