Introdução: As reações transfusionais agudas ocorrem durante ou em até 24 horas após o término da transfusão. A TRALI é rara e ocorre em 0,04 a 0,1% dos pacientes transfundidos, porém a real incidência é desconhecida visto ser pouco reconhecida. Sua ocorrência diminuiu após a instituição de estratégias de filtração de hemocomponentes. Descrição do caso: TSNV, 8 anos, sexo feminino, sem histórico de transfusões, diagnosticada previamente com esferocitose hereditária, apresentou fadiga, cefaleia e dispneia leve há 4 dias. Em serviço secundário iniciou hemotransfusão devido hb 3,9. Evoluiu com dispneia, febre e calafrios após infusão de aproximadamente 50 ml. Foi encaminhada a UTI, onde instituiu-se Ventilação Mecânica Invasiva. Avançou com infiltração pulmonar difusa, aumento do gradiente alvéolo arterial e, demandando altos parâmetros ventilatórios com relação PaO2/FiO2 < 300. Aos exames evidenciou-se anemia grave, leucopenia e plaquetopenia. Dado quadro associado a pico febril, iniciou-se antibioticoterapia de ampla cobertura. Progrediu com dessaturações e manutenção de altos parâmetros ventilatórios, sem perspectiva de desmame. Ao terceiro dia, houve melhora dos parâmetros ventilatórios e radiológicos. Ao quarto dia, apresentou redução significativa do edema pulmonar, sendo extubada ao quinto dia sem intercorrências. Discussão: Não existe tratamento específico para TRALI, deve-se fornecer suporte ventilatório e hemodinâmico. A paciente recebeu diuréticos e corticóide e ainda que o quadro tenha se resolvido rapidamente, as imagens radiológicas e o quadro clínico a inserem no diagnóstico de TRALI. A maioria dos casos requer admissão em centro de terapia intensiva por necessidade de suporte ventilatório. Conclusão: Embora o processamento sanguíneo nos hemocentros tenha sido aprimorado, é necessário lembrar da TRALI como possível causa de reação aguda visto elevada mortalidade, além da importância da comunicação ao hemocentro, pois o doador implicado não deverá doar para não ocasionar TRALI em outros pacientes. Aqueles que desenvolvem TRALI podem receber hemoderivados sem restrições.