INTRODUÇÃO:
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são amplamente utilizados no mundo todo devido ao seu potente efeito analgésico, baixo custo e fácil acesso. No entanto, não são isentos de efeitos adversos. No presente estudo, descrevemos o caso de uma adolescente com lesão renal aguda (LRA) induzida a partir da auto-medicação com AINE. Assim sendo, objetivamos ressaltar os riscos que o uso indiscriminado dessa classe medicamentosa e a auto-medicação podem acarretar.
DESCRIÇÃO DO CASO:
M. E. M. M., 14 anos, feminino, previamente hígida, procurou atendimento em unidade de urgência devido a dor lombar há três dias, sem melhora após auto-medicação com AINES por dois dias. Na origem, realizou exames complementares que evidenciaram aumento expressivo de escórias nitrogenadas (creatinina 9.3mg/dL e ureia 138mg/dL), sendo encaminhada para hospital terciário. Após detalhada investigação, firmou-se o diagnóstico de LRA KDIGO3 secundária a nefrite intersticial aguda causada pelo uso de AINE. A paciente foi manejada com medidas clínicas de suporte, hidratação e suspensão da droga envolvida. Evoluiu com melhora progressiva da função renal, sem necessidade de terapia dialítica, recebendo alta médica após seis dias.
DISCUSSÃO:
Os AINES são fármacos que agem no controle da dor aguda e crônica, decorrente de um processo inflamatório. Seu uso deve ser criterioso e monitorado pelo risco de potenciais efeitos adversos, dentre os quais a nefrotoxicidade. No caso relatado, evidencia-se uma grave complicação da auto-medicação, que muitas vezes retarda a busca por avaliação médica, podendo culminar em situações possivelmente fatais ou irreversíveis.
CONCLUSÃO:
Os AINES são medicações de escolha para diversas situações. No entanto, apesar de seu fácil acesso, potente ação e baixo custo, essa classe medicamentosa deve ser prescrita em situações específicas e por profissionais qualificados, capazes de ponderar seus riscos e benefícios, afim de se evitar ou minimizar os possíveis efeitos adversos.