MENINGOTUBERCULOSE EM PRÉ ESCOLAR: UM RELATO DE CASO

Introdução: Em 2021, estimou-se 1,2 milhões de casos de tuberculose em menores de 15 anos. A infecção ocorre por contactos familiares doentes. Crianças de 1 a 12 meses têm maior probabilidade de progredir para a doença e apresentam risco aumentado de meningite tuberculosa e tuberculose disseminada. Descrição do caso: E.I.E.M, 3 anos, apresentou hipoatividade e febre por 12 dias. Evoluiu com convulsão e rebaixamento do nível de consciência. Coletado líquor e realizada tomografia de crânio, sugestiva de meningite bacteriana, aventada hipótese de meningite tuberculosa e iniciado esquema tríplice – (Rifampicina, Isoniazida e Pirimetamina), associado à Dexametasona por 6 semanas. Confirmado diagnóstico por lavado gástrico e aspirado traqueal positivo para bacilo álcool-ácido resistente. A tomografia de abdome e torax demostrou tuberculose intestinal e pulmonar miliar. Apresentou movimentos de decorticação e midríase. A ressonância magnética identificou hidrocefalia hipertensiva, sendo realizado derivação ventrículo-peritoneal.Discussão: A meningite tuberculosa e miliar são mais frequentes entre neonatos e lactentes. As manifestações clínicas são insidiosas e progridem em três fases. A fase prodrômica, é inespecífica, com mal-estar, cefaleia e febre. A fase meningítica apresenta meningismo, letargia e confusão. Na fase paralítica há convulsões, estupor e coma. O diagnóstico é realizado correlacionando a tomografia de crânio com os achados do líquor e a positividade de pesquisa de BAAR em escarro, lavado gástrico ou linfonodo de paciente com sintomas neurológicos compatíveis. O tratamento de doze meses consiste no esquema tríplice por dois meses e fase de manutenção esquema duplo por dez meses. Nos casos graves, é preconizado dexametasona por quatro a oito semanas. A hidrocefalia é a principal complicação.Conclusão: Paciente admitido em fase paralítica, com necessidade de suporte ventilatório. Realizado diagnóstico e tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde. Evoluiu com a principal complicação da doença e disautonomia neurológica. Após oitenta dias recebeu alta qualificada.