Introdução: O leite materno humano (LMH) é o alimento padrão ouro para a nutrição do bebê, sendo recomendado de forma exclusiva por seis meses pós-parto. Este alimento não é estéril e sua composição imunobiológica varia de acordo com o tempo de lactação e com as etapas de desenvolvimento infantil. A microbiota do LMH é adquirida através da pele da mãe ou por translocação da microbiota intestinal materna para as glândulas mamárias via circulação linfática e sanguínea.
Objetivo: Descrever fatores que afetam a composição do LMH.
Método: Revisão bibliográfica utilizando a base de dados MedLine/Pubmed.
Resultados: A diversidade e concentração de bactérias no LMH tem relação com múltiplos fatores como idade gestacional, saúde materna, tipo de parto, sexo biológico do recém nascido, paridade, IMC, uso de antibióticos no intraparto, infecção pelo HIV, fase de lactação, dieta, demografia e método de amamentação. Essa microbiota é formada predominantemente por bactérias dos gêneros estreptococos, estafilococos, bifidobactérias, lactobacilos e enterococos. Já foi mostrado que os lactobacilos aumentam a expressão do gene de mucina fortalecendo a barreira antibacteriana contra patógenos gastrointestinais como Escherichia coli, favorecem a produção de IL-2, IL-12 e TNF-alfa por Th1 e ativam células NK, TCD4+, TCD8+ e T regulatórias. Já as bifidobactérias podem metabolizar glicanos da dieta ou muco em ácidos graxos de cadeia curta, essenciais para fornecer energia para as células epiteliais do cólon e possuir papel anti-inflamatório.
Conclusão: A constituição da microbiota do LMH pode ser influenciada por fatores externos e internos. Através da exposição a uma ampla variedade de antígenos, ocorre maturação das células de defesa e regulação das respostas inflamatórias no lactente. A microbiota do LMH está ligada à colonização intestinal do lactente, oferecendo benefícios duradouros para a homeostase imunológica.