INTRODUÇÃO: A dermatite atópica (DA) é a dermatose mais frequente da infância. É uma doença inflamatória, crônica e recidivante cujos sintomas podem acarretar em infecções de repetição, alterações de sono e prejuízos psicossociais. Muito se busca, hoje, por estratégias de fácil implementação para reduzir sua incidência. OBJETIVOS: Determinar se, com base na literatura disponível, pode-se afirmar que o uso tópico de emolientes em lactentes pode prevenir o aparecimento de dermatite atópica. METODOLOGIA: Busca realizada na base de dados PubMed por revisões sistemáticas e meta-análises da última década, pelos descritores DeCS/MeSH Atopic Eczema e Emollients. Dos 14 resultados, 5 revisões sistemáticas foram relevantes à pesquisa. Liang, 2021 não foi incluída devido à indisponibilidade de seu texto na íntegra, mesmo após contato com os autores. RESULTADOS: As 4 revisões analisadas (Kelleher, 2021, Priyadarshi, 2022, Xu, 2021, Zhong, 2021) concluíram que não há evidência para afirmar que o uso de emolientes altera de forma significativa a incidência de DA até os 3 anos de idade. O principal problema enfrentado pelas revisões foi a heterogeneidade entre os estudos, tanto referente à forma de uso quanto à composição dos emolientes. Além disso, grande parte dos ensaios clínicos apresentou conflitos de interesse e falhas no desenho dos estudos. É válido destacar que as intervenções utilizadas em alguns dos ensaios clínicos (como a aplicação de azeite de oliva) podem aumentar discretamente o risco de infecções e irritações cutâneas. CONCLUSÕES: Com base na literatura disponível, a utilização de produtos emolientes não deve ser tratada como estratégia para prevenir a DA. Mantém-se como padrão ouro as orientações vigentes para os cuidados dermatológicos do bebê, incluindo o primeiro banho tardio e o uso de sabonetes adequados. O uso de emolientes permanece, então, como sintomático, e sua escolha deve ser criteriosa, seguindo as diretrizes estabelecidas pela Sociedade Brasileira de Pediatria.