PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM CETOACIDOSE DIABÉTICA ADMITIDOS EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO

A cetoacidose diabética (CAD) é uma complicação grave e potencialmente fatal que ocorre especialmente nos pacientes com diabetes mellitus tipo 1. Apesar de ser uma condição totalmente evitável, não é uma condição rara nos serviços de emergência. Estudos indicam um aumento nos diagnósticos CAD ao longo dos anos. O objetivo desse estudo foi analisar o perfil clínico e epidemiológico das crianças e adolescentes admitidos com CAD em um hospital de referência regional. Foi realizado estudo transversal, retrospectivo, a partir da análise dos prontuários de pacientes com idade 8804, 14 anos encaminhados para avaliação hospitalar devido hiperglicemia no período entre 2019-2023. Considerou-se CAD os pacientes que apresentavam: hiperglicemia (>200mg/dL), cetonemia (>3mmol/L) e/ou presença de cetonúria moderada (>+2) e acidose (bicabornato <15mmol/L e/ou pH venoso <7.3). Foram avaliadas 44 admissões hospitalares, dessas 26 (59%) tiveram o diagnóstico de CAD. Três pacientes tiverem CAD recorrentes, 2-3 episódio cada. A idade dos pacientes variou entre 0,6 e 13,7 anos, sendo a maioria pré-púbere (59%) e do sexo feminino (63,3%). A maioria foi classificada como sendo CAD grave (n=16, 61,5%), seguido por moderada (n=6, 23%) e leve (n=4, 15.4%). 57,7% (n=15) dos pacientes eram primodescompensação e 59,1% tinham quadro infeccioso associado. Os sintomas mais comumente referidos foram poliúria (81,8%), polidipsia (72,7%) e dor abdominal/náuseas (54,5%). Metade dos pacientes apresentava alterações respiratórias e 36,3% sintomas neurológicos ao exame físico. O tempo médio entre a percepção dos sintomas até o diagnóstico foi de 15 dias, variando entre um dia e três meses. A maioria dos pacientes ficou cerca de 13,6 horas (±4,6) em protocolo de tratamento para CAD, porém 8 pacientes permaneceram por mais de 24 horas. Considerando o aumento dos casos de CAD, identificar precocemente os sinais e sintomas de descompensação glicêmica, bem como realizar intervenções precoces pode ajudar a prevenir futuras internações por CAD.