PERFURAÇÃO INTESTINAL ESPONTÂNEA NEONATAL

Introdução: A perfuração intestinal espontânea neonatal (PIE) é uma patologia incomum, mas bem descrita na literatura. A PIE consiste em uma perfuração no trato gastrointestinal que acomete recém-nascidos sem a identificação de uma causa e que, na maioria das vezes, manifesta-se no íleo terminal. Descrição do caso: Paciente, sexo masculino, idade gestacional de 28 semanas, nascido em 08/11/2020, peso ao nascer 1.170, nascido de parto vaginal devido a incompetência istmo cervical. Admitido na UTI neonatal com desconforto respiratório, evoluindo com pausas respiratórias e queda de saturação, que levou a quadro de apneia, necessitando de VPP, intubação e ventilação mecânica. Realizado raio X devido a abdome globoso, tenso e com peristaltismo reduzido, que evidenciou pneumoperitônio, levantando a suspeita de PIE, após iniciado o uso de antibiótico, foi encaminhado ao bloco cirúrgico e submetido a enterectomia e enteroanastomose devido a perfuração de íleo terminal. O ato cirúrgico e anestésico seguiu sem anormalidades. O RN evoluiu bem no pós-operatório, sem intercorrências. Discussão: A PIE é considerada a segunda causa mais comum de perfuração intestinal neonatal. A incidência dessa entidade clínica é de 1,1% em recém-nascidos de muito baixo peso e de 7,4% em recém-nascidos de extremos baixo peso. O paciente do presente relato enquadra-se como muito baixo peso, estando incluso na parcela de 1,1% dos RN. A localização preferencial da perfuração é o íleo terminal, como a demonstrada no presente relato. Consideração: Trata-se de um caso raro de perfuração intestinal espontânea, incluindo-se na parcela de 1,1% dos casos, devido seu perfil de muito baixo peso, além de demonstrar o ocorrência da perfuração no local mais comumente encontrada, que é o íleo terminal. Espera-se, com o presente relato, a demonstração da ocorrência dessa entidade clínica rara, otimizando o manejo de casos semelhantes, para a redução da morbimortalidade decorrente de tal patologia.