PREVALÊNCIA DE ANTICORPOS PARA O VÍRUS DA DENGUE EM UMA COORTE DE CRIANÇAS E JOVENS VIVENDO COM HIV/AIDS

Introdução: O Brasil enfrenta grave epidemia de dengue, caracterizada pelo número crescente de casos graves e de óbitos pela infecção. A concomitância de infecções é esperada mas há poucos estudos descrevendo o comportamento da infecção por dengue em pacientes infectados pelo HIV.
Métodos: Estudo prospectivo realizado de março de 2015 a dezembro de 2016, com inclusão de 102 pacientes HIV+, com idades de 5 a 25 anos, acompanhados em um serviço universitário especializado. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição e os participantes assinaram termos de consentimento livre e esclarecido (maiores de 18 anos ou responsáveis) e assentimento (menores de 18 anos). Todos realizaram sorologia (IgG) para dengue no momento da inclusão e foram seguidos por 12 meses. Os participantes que, no período de acompanhamento, apresentaram síndrome febril aguda, foram submetidos à nova sorologia (IgM/IgG), pesquisa de NS1 e PCR em tempo real para dengue (coleta até o 5ª dia do início dos sintomas). Dados clínicos, contagem de células T CD4 e carga viral do HIV no período de 12 meses antes e depois da inclusão foram obtidos dos prontuários.
Resultados: A mediana de idade foi de 18,5 anos, e 50 eram do sexo feminino. A prevalência de anticorpos IgG para dengue foi de 16,7 (16/102), apenas dois pacientes tinham história prévia sugestiva. Independente da classificação clínica/imunológica da infecção pelo HIV, os pacientes com IgG positivo para dengue não apresentaram progressão da infecção pelo HIV nos 12 meses de acompanhamento. Dos quatro pacientes que apresentaram quadro febril agudo durante o seguimento, nenhum teve evidência de infecção aguda pelos testes utilizados (IgM/IgG e testes moleculares negativos).
Conclusões: A seroprevalência de dengue no grupo estudado foi similar à encontrada na população geral. Apesar da possível interação patogênica da coinfecção dengue/HIV, os pacientes coinfectados apresentaram-se assintomáticos ou com quadro febril inespecífico.