RECIDIVA DE LEISHMANIOSE VISCERAL INFANTIL EM PACIENTE IMUNOCOMPROMETIDO: UM RELATO DE CASO

Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é uma infecção causada por protozoários do gênero Leishmania, doença parasitária grave, com elevada morbimortalidade, ocorrendo cerca de 2 milhões de novos casos por ano no mundo. É predominante no meio periurbano, sendo Minas Gerais e Nordeste os maiores responsáveis pelos casos no Brasil, porém observa-se aumento de casos no Distrito Federal nos últimos anos.
Descrição: Lactente de 8 meses deu entrada no pronto-socorro do Hospital Materno Infantil de Brasília com quadro de febre prolongada, equimoses por todo o corpo e melena. Após estabilização inicial, verificou-se desnutrição, hepatoesplenomegalia e pancitopenia grave. Teste rápido para Leishamnia negativo, mas aspirado de medula óssea com visualização do parasita. Iniciado o tratamento com anfotericina B lipossomal. A criança evoluiu com melhora, porém após 2 meses apresentou recidiva, apresentando febre intermitente, perda de peso e diarreia crônica. Optou-se por tratar com glucantime e iniciado investigação de erro inato de imunidade.
Discussão: A maioria das pessoas diagnosticadas com LV apresentam infecções assintomáticas ou subclínicas, sendo a forma clássica mais comum em grupos de risco, como menores de 10 anos e imunodeprimidos, e nesses casos apresenta maior letalidade. Tipicamente, a LV está associada a um padrão de resposta imune do tipo Th1, e quando associada a uma resposta imune do tipo Th2, sugere resultados clínicos desfavoráveis. O diagnóstico de LV é feito através da demonstração da Leishmania em aspirados de linfonodo, medula óssea e baço, por meio de sorologia, ou teste rápido como o rK39, que apresentam sensibilidade variável. O tratamento é realizado com antimoniais pentavalentes, anfotericina B lipossomal ou desoxicolato.
Conclusão: O tratamento medicamentoso para LV é indispensável, porém apresenta opções terapêuticas limitadas, podendo haver recidivas e resistência medicamentosa. Desnutrição, pouca idade e comprometimento imunológico são fatores de risco para doença grave. Não há vacina disponível, sendo controle do vetor essencial.