Introdução: Colelitíase com ou sem colecistite é considerada rara na infância, entretanto sua verdadeira frequência ainda é desconhecida. Com o aumento do uso da ultrassonografia abdominal, mais casos estão sendo descobertos. Geralmente tem sido associada a doença ileal, anomalias da árvore biliar, nutrição parenteral total, jejum prolongado, antibioticoterapia (Ceftriaxona) e distúrbios hemolíticos(20-30%).
Descrição: Paciente do sexo masculino, nascido à termo, peso adequado, sem intercorrências pré ou perinatais. Foi encaminhado para avaliação do hematopediatra com 1 ano de vida devido ao achado de colelitíase em US pré-natal. Foi submetido a investigação da causa sendo observado fragilidade osmótica aumentada, sem anemia ou sinais indiretos de hemólise, sendo diagnosticado com Esferocitose leve. Inicialmente conduzido de forma expectante, evoluiu com crises de cólicas abdominais recorrentes e persistência de sinais de colecistolitíases (até 0,5cm), sendo optado pela indicação cirúrgica de colecistectomia videolaparoscópica eletiva que foi realizada aos 3 anos de idade. Anátomo patológico da peça compatível com colecistite crônica calculosa.
Discussão: A esferocitose hereditária é a causa mais comum de anemia hemolítica por defeito de membrana eritrocitária. As complicações hemolíticas incluem icterícia neonatal, esplenomegalia e cálculos biliares pigmentados. Os cálculos biliares são improváveis 8203,8203,antes dos 10 anos de idade, mas podem ser observados naqueles com hemólise grave. Em lactentes, a resolução espontânea de cálculos biliares é frequente, por isso, um período de observação é recomendado. Para aqueles que persistem, não há um consenso em relação ao manejo dos pacientes pediátricos. Crianças com cálculos biliares podem apresentar sintomas biliares típicos (50%) e nestes a colecistectomia é recomendada. Para os casos assintomáticos ou com sintomas atípicos a cirurgia é recomendada apenas naqueles com distúrbios hemolíticos.
Conclusão: Diante da escassez de casos de ocorrência de colelitíase em crianças, principalmente com hemólise leve, torna-se necessário novos estudos para definir protocolos de manejo específicos na faixa etária pediátrica.