Introdução
A conjuntivite alérgica é uma reação de hipersensibilidade mediada por Imunoglobulina E (IgE) e desencadeada por aeroalérgenos como ácaros e pólen. Pode ser associada à rinite, asma, e dermatite atópica. Manifesta-se com lacrimejamento, prurido, e hiperemia ocular. O diagnóstico é clínico e inclui a pesquisa de aeroalérgenos. O tratamento baseia-se no controle ambiental e uso de medicamentos orais ou tópicos, como anti-histamínicos, estabilizadores de mastócitos e agentes anti-inflamatórios. Nos casos refratários pode ser indicado o uso do Omalizumabe.
Descrição do caso
L.A.B., 12 anos, sexo masculino, foi encaminhado ao serviço de alergia devido a conjuntivite, rinite e asma. Iniciou quadro de conjuntivite há um ano com hiperemia, lacrimejamento, prurido e ardência ocular. Os exames complementares evidenciavam IgE total e IgE específica para ácaros elevadas. Realizado acompanhamento oftalmológico e instituído tratamento com corticoide ocular, sem resposta. Devido à refratariedade dos sintomas, mesmo após uso de antihistamínicos tópicos e orais contínuos, além de imunossupressor ocular, optou-se pelo início do Omalizumabe. O paciente apresentou melhora clínica significativa após um mês do uso da medicação.
Discussão
O Omalizumabe é um anticorpo monoclonal humanizado que se liga seletivamente à IgE circulante no plasma impedindo-a de se ligar aos receptores de alta afinidade na superfície dos mastócitos e basófilos e prevenindo a liberação de mediadores pró inflamatórios. Diferentes estudos compararam o efeito de Omalizumabe vs. placebo para conjuntivite alérgica, mostrando uma redução significativa dos sintomas oculares no grupo Omalizumabe em comparação com o placebo após 12 e 16 semanas. No entanto, não foi estudado no tratamento da conjuntivite alérgica fora de pesquisas sobre rinite alérgica.
Conclusão
Não há estudos controlados que estabeleçam o perfil de pacientes e o esquema terapêutico com o Omalizumabe. Ainda não há indicação formal dessa medicação, porém ela pode ser usada para alergias oculares graves que não respondem ao tratamento habitual.