RELATO DE CASO – HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA À DOENÇA DO PARÊNQUIMA RENAL OU CAUSA RENOVASCULAR?

Introdução: Pacientes com quadro de hipertensão arterial podem ser investigados para uma comorbidade crônica através de aferições da pressão arterial sistólica e/ou diastólica – acima do percentil 95 em 3 ocasiões – onde causas primárias ou secundárias são associadas. Descrição do caso: paciente, sexo masculino, 11 anos, hígido, evoluiu com hipertensão arterial – aferição periódica em triagem para atendimentos na atenção básica – sem outro sinal ou sintoma associado. Paciente com história de infecção de trato urinário recorrente e uso prolongado de antibioticoterapia. Nega história familiar de doença renal. História pregressa de asma parcialmente controlada. Exame físico cardiovascular com pulsos palpáveis bilateralmente, ausculta cardíaca com ritmo regular, bulhas normofonéticas, sem sopros ou desdobramentos audíveis. Iniciado investigação de possíveis causas através de exames laboratoriais e de imagem. Exame laboratoriais sem alterações. Em ecocardiograma constatado achados compatíveis com insuficiência tricúspide discreta. Em ultrassom de aparelho urinário evidenciado rim esquerdo sem alterações, e rim direito em topografia de fossa ilíaca direita. Realizado cintilografia renal, com achado de fluxo arterial deprimido discretamente em rim direito, bem como volume reduzido, com diversas áreas hipoconcentrantes (correspondentes à áreas cicatriciais). Rim esquerdo sem alterações. Função renal diferencial relativa de: 38% rim direito e 62% rim esquerdo. Diante dos achados, paciente realiza acompanhamento periódico com cardiologista, em uso de medicação contínua: captopril, 25mg, 12/12 horas. Discussão: Em relação às causas secundárias da hipertensão arterial é importante investigar alterações intrínsecas ao parênquima renal e/ou renovasculares. Cicatrizes no parênquima associadas a ectopia do órgão podem sugerir uma sobreposição entre causas secundárias parenquimatosa e renovascular. Conclusão: Trata-se de um caso cujo a hipótese diagnóstica foi presumida ainda na atenção básica. Entende-se a importância da investigação precoce, a fim da preservação da função do órgão bem como prevenção de complicações, permanecendo alerta às principais causas de hipertensão secundária, a fim do melhor tratamento