RELATO DE CASO: MANIFESTAÇÕES CARDIOVASCULARES PROVOCANDO VÁRIOS EPISÓDIOS DE PARADA CARDÍACA EM UMA CRIANÇA VÍTIMA DE ACIDENTE ESCORPIÔNICO GRAVE.

No Brasil, a espécie Tityus Serrulatus é a maior causadora de acidentes graves, principalmente nas crianças abaixo de 10 anos. As manifestações sistêmicas que o veneno do escorpião pode provocar são: sudorese profusa, vômitos incoercíveis, salivação excessiva, alternância de agitação com prostração arritmias cardíacas insuficiência cardíaca, edema pulmonar, choque, convulsões e coma. Neste presente estudo, ilustramos um caso de acidente grave que evoluiu com distúrbio de ritmo e vários episódios de parada cardíaca. Caso: Menino, 8 anos previamente hígido que aproximadamente 4 horas do acidente escorpiônico, apresentou edema pulmonar e choque cardiogênico, mesmo com administração de soro antiescorpiônico na primeira hora. Manteve-se instável hemodinamicamente com necessidades de drogas vasoativas e neste período evolui com arritmias, caracterizado principalmente por taquicardia e bradicardia sinusal. Há relato de taquicardia ventricular fugaz sem registro que passou espontaneamente, apresentou também dezessete episódios de AESP com duração de 2-5 minutos, revertido com manobras RCP. Evoluiu após 48 horas com melhora gradual recebendo alta sem aparente sequelas neurológicas. Discussão: As manifestações cardiovasculares no acidente escorpiônico é uma das principais causas de mortalidade graves, isso pode ocorrer devido ao efeito da toxina escorpiônica que pode gerar uma “tempestade” de catecolaminas endógenas, além de bloquear os canais de sódio neuronal Esse bloqueio leva a uma despolarização prolongada dos centros autonômicos, provocando uma excitação neuronal anormal dos sistemas parassimpático e simpático. Esta hiperativação juntamente com a grande elevação de catecolaminas endógenas, é responsável pela maior parte dos eventos cardiovasculares graves como as arritmias e o choque cardiogênico. Conclusão: Além do soro antiescorpiônico é imprescindível nos casos graves de acidentes escorpiônicos a monitorização de ritmo e avaliação cardíaca para o melhor manejo destes e reconhecimento precoce de arritmias que podem levar a parada cardíaca, fator determinante para o bom prognóstico destes pacientes.