RELATO DE CASO – PARACOCCIDIOIDOMICOSE NA INFÂNCIA: DIAGNÓSTICO E MANEJO

Introdução:
Paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose progressiva de pele, mucosas, linfonodos e órgãos internos causada por Paracoccidioides brasiliensis. Presume-se que a infecção ocorre pela inalação de conídios. Na pediatria, a Forma Aguda/Subaguda é a mais encontrada. Ela afeta ambos os sexos e tem característica de progredir rapidamente se não tratado. Apresenta sintomatologia inespecífica, como: febre, perda de peso, linfadenopatia e hepatoesplenomegalia. É uma doença difícil de ser diagnosticada nessa faixa etária, podendo atrasar a propedêutica.
Descrição do Caso:
Paciente AAOS, 9 anos de idade, sexo feminino. Admitida em pronto socorro com queixa de eosinofilia, febre, sudorese e perda de peso. Ao exame físico, apresentava fígado e baço palpáveis. Além disso, apresentava linfonodos palpáveis. Os achados relevantes nos exames complementares foram anemia, leucocitose com eosinofilia e aumento de transaminases. A tomografia de abdome evidenciou hepatoesplenomegalia com presença de imagens hipodensas mal definidas, além de adenomegalias difusas. Realizado biópsia de linfonodo abdominal, o qual confirmou PCM.
Iniciado tratamento com terapia endovenosa de Anfotericina B Lipossomal, com boa resposta terapêutica. A paciente não apresentou nenhum efeito adverso com o tratamento da doença.
Discussão:
A PCM é a mais importante micose profunda existente na América Latina, descrita inicialmente no Brasil em 1908 por Adolfo Lutz. Em relação ao tratamento, a terapia medicamentosa de escolha na faixa pediátrica é o Itraconazol, por ser o mais estudado e bem tolerado. Para casos mais graves, a Anfotericina B é a indicada. A duração do tratamento varia de acordo com a resposta do paciente, e geralmente pode chegar até 2 anos.
Conclusão:
A literatura abordando a PCM na população pediátrica é extremamente escassa, poucos casos são relatados nessa faixa etária. O diagnóstico pode ser atrasado devido a sintomas inespecíficos que a doença manifesta além de outros diagnósticos diferenciais. O tratamento precoce é imprescindível para evitar complicações e mortalidades.