RELATO DE CASO: PAROTIDITE AGUDA NEONATAL EM SERVIÇO DE EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

INTRODUÇÃO:
A parotidite aguda neonatal é uma infecção neonatal tardia rara, com poucos relatos na literatura. A etiologia mais comum é a bacteriana, predominantemente pelo Staphylococcus aureus. O diagnóstico é clínico, tendo como principais manifestações edema, eritema e dor facial na região parotídea afetada, associados a irritabilidade, hiporexia e febre. Exames laboratoriais são inespecíficos e a amilasemia não auxilia no diagnóstico. As culturas são importantes guias para o tratamento.

OBJETIVO:
Descrever caso de Parotidite Aguda Neonatal e aumentar o índice de suspeição da doença e diagnóstico da patologia na comunidade pediátrica.

DISCUSSÃO:
Recém nascido a termo, sexo feminino, 21 dias de vida, trazida à emergência devido episódio de febre (38º C) e edema em região submandibular esquerda há 1 dia. Sem intercorrências durante pré-natal, parto ou pós parto. Sem risco infeccioso neonatal. Ao exame físico, apresentava-se em bom estado geral, porém chorosa e irritada, com edema em região cervical esquerda associado a hiperemia e calor local. À oroscopia, saída de secreção purulenta em orifício na mucosa da região malar direita.
Solicitados exames para rastreio infeccioso e ultrassonografia de região mandibular. Iniciado antibioticoterapia empírica, devido risco de sepse neonatal tardia (Ampicilina e Gentamicina).
Hemograma com score hematológico de Rodwell 1 (leucopenia), Amilase <30, Urina-1 e Raio-X de tórax sem alterações Ultrassonografia: glândula parótida esquerda com dimensão aumentada, ecogenicidade reduzida. Ausência de coleções. Linfonodos cervicais de aspecto reacional à esquerda. Hemocultura e cultura da secreção, apesar de importantes para definição de tratamento, vieram negativas. Após confirmada hipótese de Parotidite neonatal aguda, mantida antibioticoterapia endovenosa por 7 dias com boa evolução clínica e laboratorial. CONCLUSÃO: Com incidência estimada em 13,8:10000, a parotidite neonatal deve ser considerada como diagnóstico diferencial nas síndromes febris do período neonatal, quando associada a presença de edema e eritema em região facial, associados a irritabilidade.