INTRODUÇÃO:
A Púrpura de Henoch-Schönlein (PHS) tem apresentações variáveis. Lesões apenas em membros inferiores (MMII) são mais comuns e o acometimento em membros superiores (MMSS) e face são menos frequentes. Sua etiologia e patogenia não são bem esclarecidas.
DESCRIÇÃO DO CASO:
S.G.S., 7 anos, feminina, com queixa de lesões purpúricas, pruriginosas e dolorosas à palpação em MMII, dor abdominal, artralgia, episódio único de febre, hematúria e enterorragia. História prévia de infecção de vias aéreas superiores.
Na admissão, hemograma indicando leucocitose e plaquetose. Foi internada com corticoterapia e sintomáticos.
As lesões evoluíram para vesículas de bases eritemato-violáceas, pruriginosas, em nádegas, MMSS e MMII, associado a edema subcutâneo e em articulações. Surgiram lesões violáceas em genitália, região auricular e nasal.
Uma biópsia da lesão foi realizada, e evidenciou vasculite leucocitoclástica de pequenos vasos dérmicos, confirmando a hipótese de PHS. Apresentou melhora do quadro, recebendo alta hospitalar após 10 dias de internação e orientado acompanhamento ambulatorial.
DISCUSSÃO:
A PHS é a vasculite aguda mais frequente em crianças, com predomínio entre dois e oito anos de idade, mais no sexo masculino. Em geral, tem caráter benigno e autolimitado. Ainda não possui etiologia esclarecida, porém pode estar relacionada com processos infecciosos, vacinas ou medicações.
Manifesta-se clinicamente como púrpura palpável, indolor e não pruriginosa, em MMII e nádegas. A sua forma mais grave e rara, apresenta lesões bolhosas. Pode acometer intestino, articulações e rins.
O diagnóstico é clínico, mas exames complementares podem auxiliar na avaliação do grau de comprometimento bem como fazer diagnóstico diferencial com outras patologias.
O tratamento inclui repouso, hidratação, analgesia, anti-inflamatórios não esteroidais e corticoterapia.
CONCLUSÃO:
Devido apresentação atípica da PHS descrita, optou-se por realizar a biópsia de pele para confirmação diagnóstica, já que essa apresentação corresponde a 2 dos casos. Ambulatorialmente, observou-se melhora clínica, corroborando com a literatura, que trata essa condição como benigna e autolimitada.