REVISÃO DE FATORES ASSOCIADOS A PIOR PROGNÓSTICO EM CASOS DE DENGUE NA INFÂNCIA

INTRODUÇÃO: A dengue é uma arbovirose de impacto epidemiológico significativo no Brasil, com 1530940 casos prováveis registrados no país nas 35 primeiras semanas epidemiológicas de 2023, sendo 946 casos fatais. Destes, 9.2% de pacientes com menos de 20 anos. Atualmente, o manejo recomendado pelas autoridades brasileiras envolve a identificação de sinais de alerta ou choque para hospitalização ou monitorização. O atual protocolo data de 2009, ano a partir do qual diversos trabalhos investigaram fatores prognósticos para pior evolução nas infecções por dengue. OBJETIVO: Nosso trabalho objetivou identificar evidências robustas relacionadas a fatores de risco epidemiológicos, clínicos e laboratoriais para evolução a formas graves da doença em crianças. METODOLOGIA: Realizamos revisão não-sistemática de revisões, revisões sistemáticas e metanálises dos anos 2000 a 2023, anexados à plataforma PubMed, sendo descritores: ´dengue´, ´children´, ´pediatrics´ e ´prognosis´. RESULTADOS E CONCLUSÃO: São fatores de risco com relação estatisticamente significativa para pior evolução na fase febril da dengue: idade mais jovem, história de infecção anterior por dengue, nefropatia, diabetes, plaquetopenia, vômitos repetitivos, dor abdominal, hepatomegalia, sangramento gastrintestinal, derrames cavitários, letargia, e elevação de aspartato aminotransferase. São fatores de risco cuja associação necessita de melhor esclarecimento: sexo feminino, obesidade, hipertensão arterial, doença cardiovascular, sangramento leve de mucosas, prova do laço positiva, valor isolado de hematócrito, elevação de alanina aminotransferase, diminuição de colesterol total ou triglicerídeos, e diminuição de albumina sérica. Não parecem ser fatores de risco para pior evolução em crianças: sexo feminino, rash cutâneo, leucopenia, linfopenia, neutropenia, albuminúria, e hipernatremia. Com a identificação de outros fatores prognósticos à luz de novas evidências, é possível atualizar protocolos terapêuticos de forma a identificar mais precocemente e monitorizar pacientes com maior risco de desenvolver dengue em suas formas mais graves. Junto às outras medidas preventivas e terapêuticas em advento, espera-se, então, diminuir a morbimortalidade infantil relacionada à doença.