Introdução:
O cisto aracnóide é uma lesão cística benigna caracterizada pela presença de cavidade contendo líquido cefalorraquidiano, comumente localizada na fossa craniana média. É usualmente assintomático, porém em casos onde há formação volumosa importante ou se há rotura do cisto, pode tornar-se sintomático. A ruptura espontânea de um cisto aracnóide representa uma complicação extremamente rara, com poucos casos descritos na literatura.
Relato de caso:
Paciente de 5 anos, masculino, com quadro de enxaqueca sem aura episódica e bem controlada em uso de medicação profilática com valproato de sódio 20mg/kg/dia. Em investigação complementar com tomografia de crânio, notava-se o achado incidental de cisto aracnóide, Galassi 2, em fossa média á esquerda, sem sinais de compressão.
Aos 5 anos e 6 meses, o paciente evoluiu com diplopia binocular associada a esotropia, exacerbação da cefaleia e vômitos. Seu exame neurológico demonstrava paralisia do VI nervo craniano e papiledema bilateral. Realizada tomografia de crânio que demonstrou cisto aracnóide em fossa média a E associado a higroma subdural à esquerda que delimitava desvio de linha média em 0,8cm. O paciente foi submetido a fenestração do cisto e derivação cisto-peritoneal com válvula de baixa pressão, evoluindo com melhora completa dos sintomas.
Discussão:
A rotura dos cistos aracnoides é um evento raramente descrito em literatura. Dentre os principais fatores relacionados ao risco de rotura encontra-se a localização na fossa média, tamanho maior que 5cm e história de trauma craniano, mesmo que leve, no mês que antecede o evento. Quando o higroma subdural leva ao aumento da pressão intracraniana é necessária a intervenção cirúrgica.
Conclusão
A suspeita de higroma subdural espontâneo deve ser considerada em pacientes com cisto aracnóide que evoluem de forma sintomática, mesmo sem histórico de trauma. O pediatra deve estar atento para esse evento e uma neuroimagem deve ser feita na suspeita para o diagnóstico precoce.
