TRANSFUSÃO NA EMERGÊNCIA PARA O PACIENTE FALCÊMICO PEDIÁTRICO: É SEMPRE NECESSÁRIO?

INTRODUÇÃO: As transfusões de concentrado de hemácias (CH) continuam sendo a base da terapia para pacientes com doença falciforme (DF), mas representam desafios clínicos significativos devido aos riscos de complicações e aumento da morbidade associada. OBJETIVO: Revisar na literatura as condições de manejo do paciente pediátrico falcêmico em situações de transfusão de emergência. MÉTODO: Revisão integrativa da literatura feita nas bases de dados Pubmed e BVS para artigos publicados nos últimos 5 anos, através dos termos “Anemia, Sickle Cell”, “Erythrocyte Transfusion” e “Child”, com o uso do operador booleano AND. Os critérios de elegibilidade foram: estudos publicados em inglês no período definido, estudos observacionais e experimentais. Foram excluídos artigos que não possuíam texto completo, estudos duplicados e que não possuíam relação com a abordagem terapêutica. RESULTADOS: Foram encontrados 152 artigos, dos quais 6 compuseram a amostra final. Nesse contexto, a transfusão de hemácias é capaz de aumentar a capacidade de transporte de oxigênio ou reduzir a porcentagem de hemoglobina (Hb) S, nos tipos simples e exsanguineotransfusão, respectivamente. Deve-se considerar o cenário clínico geral do paciente, e não somente a concentração de Hb, já que uma concentração menor que 5g/dL é sempre vista como um limite para transfusão de hemácias diante do paciente falcêmico, principalmente com o aumento da mortalidade observada em crianças com concentrações baixíssimas de Hb. Crianças com baixos peso corporal, altura e volume de sangue total estão em risco de hipovolemia relativa e distúrbios metabólicos durante a troca automática de glóbulos vermelhos, sendo preferível a administração de CH nestes casos. CONCLUSÃO: Em face de eventos isquêmicos subclínicos da DF, é fundamental abranger na conduta a condição hemodinâmica, limitações no monitoramento da transfusão crônica, como hiperviscosidade, trombose e infecção associada. Recomendações de transfusão de CH acima do limite supracitado de concentração de Hb necessitam de melhor investigação na literatura.