Introdução: A introdução da vacina conjugada contra o meningococo do sorogrupo C (MenC) desde 2010 no Programa Nacional de Imunização (PNI) trouxe mudanças nos padrões epidemiológicos da doença meningocócica no Brasil. Tendo isso em vista, torna-se importante avaliar o impacto causado por esta estratégia de saúde pública nas hospitalizações por doença meningocócica na fase da infância, uma das mais acometidas pelo patógeno em questão.
Objetivo: Descrever o impacto da introdução da vacina contra o MenC no PNI em 2010 sobre as taxas de hospitalização associadas à doença meningocócica em crianças menores de cinco anos no Brasil no período de 2010-2022.
Método: Foi realizado estudo ecológico, de série temporal utilizando dados do Sistema de Informações em Saúde (TABNET-DATASUS) para o Brasil e suas macrorregiões geográficas no período de 2010-2022. Os dados foram armazenados e analisados em planilhas do Microsoft Excel 2017. Foi utilizado o modelo de regressão linear simples para avaliar a tendência temporal das internações por doença meningocócica. A Correlação de Pearson (r) foi utilizada entre as internações por doença meningocócica e a cobertura vacinal. O nível de significância estatística foi de 5,0%.
Resultados: Houve uma notável tendência de queda nas hospitalizações por doença meningocócica em crianças brasileiras entre 2010 e 2022. No entanto, entre 2021 e 2022, houve um aumento recente na taxa de hospitalizações por doença meningocócica no país, concomitante a uma queda substancial na cobertura vacinal contra o MenC durante os anos da pandemia do coronavírus.
Conclusão: A vacinação em massa contra o MenC tem demonstrado impacto positivo como estratégia de saúde pública, contribuindo para mudanças no cenário epidemiológico brasileiro. Entretanto, dada a baixa cobertura vacinal atual, é papel do pediatra orientar as famílias sobre a vacinação oportuna e restaurar a confiança na segurança e na eficácia das vacinas na infância.