Anemia: causas, consequências e prevenção

Anemia: causas, consequências e prevenção

Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 29/11/2021


A anemia é o problema nutricional de maior magnitude no Brasil e no mundo, com causa multifatorial e que acarreta prejuízos a curto, médio e longo prazos na vida das crianças. É definida como a condição na qual a concentração de hemoglobina está abaixo dos valores esperados (inferior a –2 desvios padrão de acordo com a idade da criança) como resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais, principalmente do ferro, sendo a anemia ferropriva a mais comum (representa 90% das anemias).

O que provoca a anemia?

A hemoglobina é responsável pelo transporte de oxigênio no sangue e sua escassez traz repercussões no crescimento e desenvolvimento da criança, o que representa grande problema de saúde pública infantil. O ferro é fundamental para o metabolismo celular, influenciando no desenvolvimento mental e psicomotor na infância, atuando em funções imunológicas, endocrinológicas, bioquímicas e clínicas, diminuindo internações e mortalidade a longo prazo.

No Brasil, um estudo recente concluiu que uma entre cada três crianças apresentava anemia ferropriva (prevalência de 33%), e há estudos que estimam que a prevalência de anemia por deficiência de ferro possa chegar até a 60% da população mundial.

Quais as consequências?

Nas crianças, a presença de anemia é de grande relevância, sendo considerada um problema de saúde pública pelos efeitos danosos no desenvolvimento cognitivo e psicomotor, além de favorecer o aparecimento de infecções e contribuir como fator de risco para mortalidade infantil. Acarreta prejuízos na saúde, aumenta a chance do desenvolvimento de doenças, favorece o aparecimento de infecções (algumas com necessidade de internações hospitalares), contribui para o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e, como atua na fisiologia celular, leva a um desequilíbrio em todo o organismo.

Para prevenirmos a anemia são fundamentais orientações pediátricas:

  • Incentivar o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e mantido até os dois anos de idade
  • Orientar a mãe sobre uma adequada nutrição materna e suplementação de ferro na lactação
  • Fazer uma dieta com ingestão de ferro, obtido através da ingesta principalmente de carnes vermelhas, aves e peixes.
  • Diminuir a ingestão de leite de vaca (principalmente nos menores de um ano de idade).

Além disso, é fundamental também a suplementação vitamínica que prescrevemos ao bebê, pois ela atua na prevenção da anemia.

O quadro clínico da deficiência de ferro pode ser gradual, insidioso e evolutivo. Muitas crianças podem ser assintomáticas, sendo diagnosticada esta condição apenas com a realização de exames laboratoriais. As manifestações podem ser leves até graves (principalmente se forem de aparecimento precoce, e se intensa e prolongada a perda de ferro), levando até a um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, alterações comportamentais e de linguagem.

Quando há manifestações clínicas da deficiência de ferro, já podem ser instaladas consequências graves e duradouras. Sua deficiência deve ser prontamente reconhecida e tratada, uma vez que seus efeitos danosos podem impactar por toda a vida do indivíduo (há impacto negativo por décadas mesmo após o tratamento).

Dada a importância do ferro para o adequado crescimento e desenvolvimento, é fundamental o seguimento de puericultura de forma regular e adequada, com a realização de exames em momento oportuno, conforme preconizam as diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria. O pediatra é o profissional capacitado para orientar as mães sobre a alimentação, prevenção de anemia, investigação com exames laboratoriais, e tratamento adequado da condição.

Relatora
Natália Tonon Domingues
Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Fonte: bit245 | depositphotos.com