A última pesquisa Perfil do Médico no Brasil indica que 74,7% dos profissionais médicos praticam “Atividade Liberal” em consultório privado. Entretanto, o paradigma de “profissional liberal” não mais existe para os médicos, pois metade deles, hoje, assim não se consideram. A perda desse status e do conseqüente prestígio social se reflete em:
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perda relativa da atividade liberal em seus consultórios (dependência de convênios, seguradoras, cooperativas). Ser visto como um prestador de serviço, que pode ser execrado e manipulado pelo convênio acatando e obedecendo as mais descabidas normas em detrimento da boa Medicina e do atendimento pediátrico de qualidade. Se ele não aceitar, outros “colegas” imediatamente acatarão tais normas e atenderão no seu lugar.
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necessidade cada vez maior de valer-se, para sua manutenção, do trabalho assalariado e de vários empregos, muitas vezes distantes entre si, fazendo com que perca horas no trânsito.
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salários baixos, sobrecarga de atendimentos, fadiga, estresse, Síndrome de Burnout.
Embora a Medicina seja uma profissão, e a Pediatria, na minha opinião, sua especialidade mais nobre, as mudanças na estrutura do sistema de saúde, convênios, seguradoras, cooperativas, bem como o constante avanço da tecnologia médica, exigem que essa profissão tenha consciência de si mesma como um “negócio”. Para conseguirmos proporcionar uma melhoria na qualidade do atendimento pediátrico, com verdadeira dedicação exclusiva à profissão, devemos estar preparados para sobrevivermos, para o bem de nossos pacientes e da nossa família, pela qual somos responsáveis.
“O cínico sabe o preço de tudo, mas não conhece o valor de nada”. Essa frase do escritor inglês Oscar Wilde define com precisão a diferença entre preço e valor – conceitos que raramente se associam nas estratégias de estabelecimento da remuneração para serviços prestados na saúde. Isso carrega consigo um intrincado modo de estabelecimento de valores, onde entram variáveis como confiança, credibilidade, eficácia, paciência, fácil localização (como fornecer o número de celular), tempo de atuação no consultório e outras mais. Qual a remuneração que cobre nossos custos com uma margem razoável? Quanto vale o atendimento pediátrico?
Torna-se necessário o ensino de contabilidade no curso médico; bem como de administração, economia, marketing, direito, português, inglês, informática etc.
Veja o consultório como um “negócio”. Conheça o custo que garante a saúde financeira, a lucratividade e uma gestão eficiente. Afinal, nós, pediatras, merecemos!
A partir da Planilha para Custo Operacional de Consultório, calcule seu custo operacional e qual o lucro operacional que você dispõe – o valor obtido após deduzir as despesas operacionais do lucro bruto, isto é, o valor recebido de todos os pacientes, sejam eles particulares, conveniados e das seguradoras, deduzindo o custo operacional.
Relator: Dr. Aderbal Tadeu Mariotti
Diretor-presidente da Regional Jundiaí da SPSP 2007-2009; Membro do Departamento Científico de Defesa Profissional da SPSP 2007-2009.
Matéria publicada em Pediatra Informe-se – Boletim da SPSP Ano XXIII – No 141– setembro/outubro 2008
Assessoria de Imprensa – SPSP