Dentes de leite: como aliviar o desconforto do bebê

Dentes de leite: como aliviar o desconforto do bebê

Em primeiro lugar, é importante lembrar que seu bebê é único! Assim como o dia em que surgirá o primeiro e depois os demais dentes de leite serão únicos também!

Entretanto, esse momento pode ser influenciado por diversos fatores, como o histórico familiar, as alterações sistêmicas, metabólicas e nutricionais, bem como a prematuridade e a presença de síndromes. Para facilitar o monitoramento dos dentes de sua criança, veja a figura 1 abaixo.

O fato é que quando surge o primeiro dente de leite inicia-se um novo ciclo de desenvolvimento oral e um novo sorriso do bebê, registrando-se um momento muito comemorado pela família. Mas junto com toda essa alegria familiar, frequentemente é relatada a ocorrência de alguns sintomas, como desconforto gengival, irritabilidade, problemas com o sono, diminuição do apetite e a famosa “baba”.

É importante esclarecer: nem todo bebê tem desconfortos nesse período do surgimento dos dentes de leite. Fiquem atentos, pois a presença de outros desconfortos e sintomas pode não estar relacionada com a chegada dos dentes e necessita de avaliação médica!

 Orientações para alívio de sintomas da erupção dentária:

  1. O alívio natural é estimulado através do aleitamento materno e da introdução alimentar. Como o aprendizado da mastigação acontece gradualmente, esse período exige paciência e criatividade da família, sendo importante seguir os aconselhamentos profissionais.
  2. Quando o bebê estiver pronto para começar a experimentar alimentos macios e sólidos, a chegada dos dentes de leite será uma grande oportunidade para oferecer alimentos saudáveis, com diferentes sabores, texturas e cores, estimulando o bebê a morder e mastigar. Isso favorece a erupção e o desenvolvimento adequado das arcadas dentárias. Alguns pais gostam de oferecer picolés caseiros com leite materno e frutas, que são deliciosos para os bebês, mas requerem atenção para não machucar pele, lábios, gengiva e língua, pela baixa temperatura.
  3.  A massagem na gengiva feita com o próprio dedo ou com dedeiras de silicone, de maneira delicada e muito carinho, sempre é bem-vinda para relaxar e acolher o bebê.
  4. A família pode também utilizar como complemento os mordedores específicos para essa fase. Esses mordedores ou brinquedos levados à boca devem ter formato e composição que não coloquem em risco a segurança da criança ou que possam ser fonte de exposição a desreguladores (interferentes) endócrinos, como o bisfenol (BPA); e nunca colocá-los em freezer.
  5. Não aplicar produtos contendo anestésico local, por riscos de metemoglobinemia.
  6. Não usar colar ou pulseira de âmbar no bebê, porque não há comprovação de eficácia e há risco de aspiração e asfixia.
  7. Agendar nessa fase uma consulta com o odontopediatra, para que sejam realizadas as medidas que favoreçam o alívio desses desconfortos e a promoção da saúde oral.

Fiquem atentos em casa com as mudanças comportamentais e físicas do bebê! Em geral, para aliviar a irritação local, o bebê normalmente coloca espontaneamente tudo na boca e acaba se contaminando com vírus, bactérias e fungos. Desta forma, outros quadros sistêmicos podem ser observados e exigirem consulta com médico pediatra, em especial quando for observada a presença de febre, diarreia ou nos casos de urgência, quando o bebê acidentalmente colocar algo indevido na boca.

Figura 1

Época provável de surgimento dos dentes de leite na boca do bebê

Relatora:
Dóris Rocha Ruiz

Membro do Núcleo de Estudos de Saúde Oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo 

Colaboradoras:
Ana Flavia Calvo
Cristina Giovannetti Del Conte
Juliana Kimura
Núcleo de Estudos de Saúde Oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo