Dia do Leitor

Dia do Leitor

Os caligramas fazem parte da poesia visual. As palavras criam uma imagem que expressa visualmente o que as próprias mencionam, ou desejariam dizer.

“Quem mal lê… mal ouve, mal fala, mal vê.” Monteiro Lobato

“A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde.” André Maurois

“Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar.” Rubem Alves

“Ler é beber e comer. O espírito que não lê emagrece como o corpo que não come.” Victor Hugo

No Dia do Leitor, queremos chamar a atenção para alguns dos grandes desafios que o país enfrenta, em particular, nessa área da leitura.

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é uma organização internacional com sede na França e composta por 38 países membros, que tem o objetivo de promover o progresso econômico, o comércio mundial e o bem-estar social, estabelecendo padrões para esse desenvolvimento. Segundo esse organismo de cooperação internacional, a habilidade de leitura é definida como a “capacidade de entender, usar e refletir sobre textos escritos de modo a conquistar objetivos, desenvolver conhecimento e potencial e participar da sociedade”.

Em uma escala de 1 a 6, o nível de leitura considerado básico é o 2 – estágio em que os estudantes “começam a demonstrar competências que vão lhes permitir participar de modo efetivo e produtivo na vida como estudantes, trabalhadores e cidadãos”.

Em 1997, foi criado e desenvolvido um instrumento para avaliação global dos estudantes – o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) – na sigla em inglês, patrocinado pela OCDE. No Pisa 2018, os alunos brasileiros pontuaram, em média, 413 em leitura (para efeitos comparativos, a China, que encabeça o ranking, pontuou 555 nesse quesito). O Brasil manteve-se praticamente estagnado na última década. Essa média esconde disparidades sociais acentuadas. A proporção de jovens da camada mais pobre que conseguiu alcançar o nível 2 em leitura do Pisa foi 55% menor do que a de jovens brasileiros de renda mais alta. No Brasil, apenas um terço (33%) dos estudantes havia sido capaz de distinguir fatos de opiniões em uma das perguntas aplicadas no Pisa. O “abismo cultural”, entre estudantes de classes sociais mais avantajadas e os mais pobres em todo o mundo, está aumentando.

O exame, chamado PIRLS (Progress in International Reading Literacy Study), avalia a capacidade de leitura de alunos do 4º ano do ensino fundamental. O teste avalia a capacidade das crianças compreenderem textos, estabelecerem conexões entre as informações lidas e desenvolverem um senso crítico a respeito de um conteúdo. É uma prova aplicada para alunos das redes pública e privada, com questões dissertativas e mais complexas do que as usadas nos exames nacionais de leitura, como o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica). Os resultados do PIRLS realizado no final de 2021 foram divulgados no começo de março de 2023. O Brasil ficou na 39ª posição entre 43 países, atrás de nações pobres, como Azerbaijão e Uzbequistão: 38% dos estudantes brasileiros não dominavam as habilidades mais básicas de leitura. Só 13% foram classificados, segundo a avaliação, como proficientes.

Na pesquisa Alfabetiza Brasil, do Ministério da Educação (MEC), 56,4% das crianças brasileiras não estão alfabetizadas. Apenas 4 em cada 10 crianças do 2º ano do ensino fundamental estavam alfabetizadas no país em 2021. O levantamento mostrou ainda uma queda na porcentagem de alfabetização infantil em comparação com 2019, quando mais de 6 crianças em cada 10 eram consideradas alfabetizadas.

Concluo, parafraseando Monteiro Lobato: “Quem mal lê… mal ouve, mal fala, mal vê, mal compete no mercado de trabalho.”

Dia de ler é todo dia.

 

Saiba mais:

  1. Dados do último relatório da OCDE, divulgado em 16/09/2023.
  2. Pesquisa Alfabetiza Brasil (2021), do Ministério da Educação (MEC).

Relator:
Fernando MF Oliveira
Coordenador do Blog Pediatra Orienta da SPSP