No dia 26 de setembro, em mais de 70 países da Europa, Ásia e América Latina, celebra-se o Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência. A data tem como objetivo incentivar a reflexão e difundir informações sobre medidas preventivas e educativas para a redução da gravidez e de infecções sexualmente transmissíveis na adolescência.
No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que 377.655 partos realizados no ano de 2020 foram de mães com idade entre 10 e 19 anos. Isso significa que em torno de um em cada sete bebês é filho de mães adolescentes: a cada hora nascem 43 bebês, filhos de mães adolescentes, e a cada 30 minutos, uma menina de 10 a 14 anos torna-se mãe.
Apesar da redução das taxas de gravidez na adolescência em comparação aos anos anteriores, ela segue pior do que em outros países latino-americanos, segundo os dados do Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA) para América Latina e Caribe. A repetição de gravidez na adolescência também é frequente e, na falta de acompanhamento pós-parto, pode ocorrer em torno de 30% no primeiro ano e até 50% no segundo ano.
A falta de informações sobre o corpo, a sexualidade e os direitos sexuais e reprodutivos, bem como a dificuldade de acesso ao sistema de saúde, incluindo os métodos contraceptivos, são os principais fatores para a ocorrência de gravidez na adolescência. Vale destacar ainda a qualidade dos programas de educação sexual nas escolas, os tabus e preconceitos sobre a sexualidade e a falta de diálogo dos jovens com seus pais, familiares, professores e educadores.
É de fundamental importância “interrogar” se diversos tipos de violência, como a sexual, possam estar envolvidos direta ou indiretamente com essas gestações, o que constitui um problema de saúde e de direitos humanos, com consequências biológicas, psicológicas e sociais significativas.
A interrupção ou o abandono escolar, o atraso ou a inserção não qualificada no mundo do trabalho, a maternidade sem o apoio emocional e financeiro do parceiro e até mesmo da família, e uma continuidade do ciclo intergeracional de pobreza e desigualdade representam as consequências sociais mais frequentes de uma gravidez não planejada na adolescência.
A educação sexual, tanto individual quanto coletiva, nas escolas, famílias, serviços de saúde e centros comunitários é um dos maiores fatores de prevenção. Educação sexual não significa ensinar crianças e adolescentes a praticarem sexo, e sim ensinar e orientar sobre métodos contraceptivos, tratar a sexualidade e a saúde reprodutiva não só sob abordagem biológica, mas também como uma relação ao convívio de respeito entre os iguais, atividade sexual com responsabilidade e respeito, proteção contra gravidez inoportuna, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e defesa contra a violência sexual.
Pais/famílias demonstrem seu amor e respeito aos seus filhos, sendo claros e sinceros. Ajudem a lidar com as mudanças que estão acontecendo na adolescência, estando abertos e conversando com seus filhos sobre os sentimentos, a autoestima, dúvidas, incluindo a sexualidade. Busquem informações ou auxílios com materiais de apoio (filmes, séries, livros, cartilhas ou outros recursos, tendo cuidado com as informações falsas, as famosas fake news!) e, se necessário, procurem uma ajuda especializada para aconselhamento e acompanhamento.
Adolescentes e jovens demonstrem seu amor e respeito aos seus pais e à sua família. Estejam abertos e conversem com eles sobre seus sentimentos, suas dúvidas, incluindo a sexualidade. Busquem informações ou auxílios com materiais de apoio (filmes, séries, livros, cartilhas ou outros recursos, tendo cuidado com as informações falsas, as famosas fake news!) e, se necessário, procurem uma ajuda especializada para aconselhamento e acompanhamento.
Façam valer os seus direitos ao respeito, à segurança, o acesso às informações, às orientações, à educação de qualidade e ao sistema de saúde, incluindo o acesso aos métodos contraceptivos.
Relator:
Alexandre Massashi Hirata
Departamento Científico de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Foto: @tirachardz / www.freepik.com